Descreva detalhadamente como eram as atividades realizadas:
INTRODUÇÃO - MOTIVAÇÃO
A pandemia de Coronavírus teve início no estado de São Paulo com o primeiro caso notificado em 26 de fevereiro e transmissão comunitária a partir de 12 de março.
Inúmeras medidas de contingência foram tomadas pelo estado e municípios, dentre elas, ampliação de leitos dedicados a Covid e abertura de hospitais de campanha no município de São Paulo.
O principal grupo populacional acometido por Síndrome Respiratória Aguda Grave com hospitalização é de maiores que 60 anos, totalizando 5.768 internações de idosos em maio de 2020.
Do total dos 29.912 casos de SRAG hospitalizados residentes no município de São Paulo e notificados até 18/05/2020, houve 4.881 (16,3%) que evoluíram para o óbito.
Os idosos são grupo de maior mortalidade por Covid-19 e os sobreviventes à internação evoluem com perda de capacidade funcional.
Os pacientes idosos que tiveram alta hospitalar por Covid-19 sofrem com perda de capacidade funcional. Uma internação hospitalar por si só gera impacto negativo na capacidade funcional dos idosos. Somado à internação, a situação de inflamação e imobilismo prolongado podem ter grande impacto sobre os idosos hospitalizados por Covid-19.
Sendo o AME Idoso Sudeste um ambulatório da Atenção Especializada com capacidade instalada ociosa naquele momento do início da pandemia devido a impossibilidade de consultas eletivas por medidas sanitárias, identificou-se a oportunidade de elaborar rapidamente um protocolo para facilitar a transição do cuidado da Atenção Hospitalar para a Atenção Básica.
OBJETIVO
Atender os idosos que tiveram internação hospitalar por Covid-19 após a alta hospitalar com o foco de reabilitação da capacidade funcional.
Garantir a transição do cuidado em rede desde a alta hospitalar até a reabilitação e contra-referência para Atenção Básica.
PÚBLICO-ALVO
Pacientes idosos (>60 anos) com internação recente por Covid-19 confirmada por exame PCR ou sorologia.
MÉTODOS
Elaboração do protocolo de Reabilitação Pós Covid-19
Divulgação do protocolo e articulação com a rede de Atenção Básica e Atenção Hospitalar.
Atendimento dos pacientes.
Alta e contra-referência.
RESULTADOS
O projeto foi apresentado à SES de São Paulo para validação, estabelecimento de fluxos de agendamento através da Regulação e normas sanitárias para atendimento.
Foram estabelecidos fluxos de encaminhamento e agendamento dos pacientes da linha de cuidado Reabilitação Pós-Covid.
A divulgação do protocolo foi feita com secretaria de estado, coordenadoria e supervisões técnicas de saúde municipais do território e hospitais por reuniões virtuais e presenciais.
Foram realizadas reuniões de acompanhamento para alinhamento de fluxos e correções de intercorrências administrativas antes e durante o decorrer do projeto.
Conforme acompanhamento de dados epidemiológicos da pandemia, foi acordado a suspensão de inclusões de casos novos em dezembro de 2021.
O protocolo constou de avaliação inicial por médico, enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e nutricionista com definição de parâmetros usando escalas de atividades de vida diária (básicas-Katz; instrumentais – Lawton; questionário OARS), cognitivas (mini-mental), mobilidade (teste timed up and go, sentar e levantar, força de preensão palmar, teste da caminhada 6 min), disfagia e nutricionais (bioimpedanciometria). Cada paciente teve programa de reabilitação conforme demandas específicas definidas após discussão com equipe multiprofissional. Houve monitoramento em 8 semanas e retorno para reavaliação e possível alta após 24 a 28 semanas. O monitoramento médico incluiu teleconsultas.
Características dos pacientes: 55% gênero masculino; idade de 60 a 96 anos com média: 71,3 anos; escolaridade 5,6 anos de ensino nos homens e 4,9 anos nas mulheres; quanto ao território: 91,6% provenientes da região sudeste, 6% da região sul e 2,4% das regiões norte, leste do município de São Paulo e outro município. Os homens tiveram internação com média de 21 dias com 21% de ventilação mecânica e as mulheres de 17 dias com 22% de ventilação mecânica. Síndrome consumptiva ocorreu em 42% dos pacientes. Participaram do programa de reabilitação com fisioterapia 98%, fonoaudiologia 88%, nutrição 91%, caracterizando a alta complexidade dos casos atendidos. Em 8 semanas, 63% relataram a percepção de saúde como boa, muito boa ou excelente e 31% como regular e 4% ruim.
Das avaliações finais notamos melhora das Atividades Básicas de Vida Diária em 9 pacientes (14%), manutenção em 53 pacientes (80%) e piora em 4 (6%). Quanto às Atividades Instrumentais de Vida Diária: melhora em 30 pacientes (45%), manutenção em 32 (48%) e piora em 6%). Quanto à avaliação cognitiva: melhora em 31 pacientes (47%), manutenção em 8 (12%) e piora em 23 casos (35%).
Até o momento 75 idosos já completaram o programa de reabilitação e tiveram alta com contra-referência.
Seis pacientes solicitaram desligamento do programa de reabilitação por motivo de distânica, necessidade de retorno ao trabalho e motivos pessoais diversos.
Um paciente foi a óbito por complicação de doença pré existente (cardiomiopatia).
Os demais ainda estão em fase de completar os programas de reabilitação ou evoluiram com alguma outra demanda que está sendo acompanhada.
O projeto vai se encerrar após alta com encaminhamento para contra-referência de todos os pacientes prevista para o primeiro semestre de 2022.
Descreva quais as dificuldades encontradas para realização das atividades.:
O principal desafio na implantação do projeto foi a articulação com a rede, já que o projeto envolveu todos os níveis de atenção.
Outra dificuldade foi o agendamento de pacientes de territórios muito distantes, mesmo tendo sido planejado para atendimento do território restrito. Como o equipamento AME Idoso Sudeste pertence à esfera estadual e o município de São Paulo ser muito extenso, alguns pacientes internados nos Hospitais de Campanha eram provenientes de outros territórios.