A condição de isolamento dos idosos frágeis e acamados chamou a atenção de profissionais de saúde em Antônio Prado, município localizado na Serra Gaúcha. “Nas visitas domiciliares, as equipes dos Programas de Saúde da Família encontravam pessoas idosas solitárias e dependentes”, lembra a enfermeira Renara Prestes, supervisora do setor de Atenção Básica na Secretaria Municipal de Saúde.
“Pensamos em como abordar o problema e tivemos a ideia de ir à Escola Municipal Aparecida e convidar jovens de 13 a 15 anos para nos ajudar no projeto de resgate da autoestima destas pessoas. Esse foi o início do projeto”, lembra-se Renara. Dos oito jovens voluntários, três permaneceram até o final e ajudaram a envolver os familiares na recomposição da autoestima das pessoas idosas. “Os parentes superaram aquela fase de esperar pelo transporte e passaram eles próprios a levar os idosos até a escola, onde as atividades se realizavam. Alguns idosos empoderaram-se a tal ponto, que encarregaram-se de eles próprios chamarem o táxi para transportá-los”, relata, animando-se com o envolvimento dos familiares.
O trabalho, que durou sete meses, atendeu de 12 a 16 cadeirantes, deficientes visuais e auditivos, além de pessoas idosas com outros problemas de mobilidade, e consistiu de quatro etapas, assim descritas por Renara: “Em um encontro semanal de duas horas, primeiro se fazia uma reflexão sobre a condição da pessoa idosa e uma dinâmica de grupo. Depois, os profissionais de saúde passavam dicas de cuidados da saúde para eles. A partir daí, os adolescentes, que nitidamente sentiam prazer no que estavam fazendo, organizavam jogos lúdicos. Por fim, fazíamos um lanche coletivo. Cada pessoa levava algo e no final alguém puxava uma canção”, lembra.
O resultado foi registrado em depoimentos colhidos pela equipe do projeto e revela mais do que a melhoria do ânimo da pessoa idosa: os familiares dos participantes também se envolveram e a iniciativa teve projeção para além do bairro Aparecida. “Eles querem ter as mesmas sensações dos que já foram atendidos. De que a pessoa idosa não é velha, nem descartável”, finaliza.
“As pessoas idosas fizeram tudo que estava ao alcance delas para participar dos jogos e isso resultou até na melhora da parte cognitiva delas.”
Renara Prestes
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
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