TÍTULO COMPLETO: Projeto Cair de Maduro Só Fruta
INTRODUÇÃO
O projeto nasceu em uma reunião da equipe 188 da ESF ( território do Poti Velho), no mês de abril de 2015, período das chuvas no município, na qual os Agentes Comunitários de Saúde da equipe (ACS) relataram várias quedas em idosos e da constatação da enfermeira da ausência de alguns idosos nas atividades coletivas da UBS como o grupo de dança e grupo de exercícios funcionais, pelo motivo de queda. O território assistido pela UBS tem predomínio de idosos, é o bairro mais antigo, existia antes mesmo da Fundação da capital. A maior e principal causa de morte de idosos em Teresina são as quedas, por isso um o pacto 2006 foi redução de quedas em idosos. Conhecedores dessa triste estatística a equipe criou o projeto cair de Maduro só Frutas, que aconteceria em 4 etapas.
O projeto Cair de Maduro só Fruta, é uma experiência desenvolvida na Unidade de Saúde Dr. Antônio Benício Freire da Silva (UBS do Poti Velho), no município de Teresina-Pi, com o objetivo em curto prazo de reduzir o número de quedas em idosos e conscientizar os idosos, familiares, cuidadores e profissionais da Saúde, especialmente os da Estratégia Saúde da Família (ESF) para um olhar atento aos fatores de risco para quedas em idosos.
OBJETIVOS
O objetivo principal é reduzir o número de quedas em idosos do território assistido pela UBS e sensibilizar família, cuidadores e profissionais da ESF para um olhar mais atento aos fatores de risco para quedas. A longo prazo, o projeto pretende provocar um debate e reflexão na sociedade como um todo para questões como mobilidade urbana, construção de moradias e ambientes externos adequados para uma população que envelhece a cada dia que passa e por fim buscar parcerias junto a gestores, ONGs e empresas privadas para adequação das moradias de idosos participantes do projeto.
ATIVIDADES
A primeira etapa foi uma Oficina de prevenção de quedas em idosos na metodologia da Educação Popular em Saúde que foi realizada em maio de 2015, no auditório da UBS, com a participação de 40 idosos e cuidadores, estudantes de enfermagem, ACS e enfermeiros das equipes.
Na metodologia da Educação Popular em Saúde o conhecimento é construído coletivamente a partir das vivências de cada um. Então foram feitas ao grupo vários questionamentos como: Quem aqui já caiu? Onde foi a queda, em casa, na rua? Em que local da casa? Porque motivo você acha que caiu? Que parte do corpo você bateu? Só idosos caem? E porque a queda em idosos é mais complicado? E o que a gente pode fazer para evitar as quedas? As respostas iam sendo anotadas numa folha de papel A4 e no final um conhecimento coletivo foi construído sobre prevenção de quedas.
Todos os presentes até os cuidadores e profissionais já tinham sofrido quedas; mais da metade dos participantes caíram em casa, no banheiro e no quintal. Na rua nas calçadas altas e subindo ou descendo de ônibus. Os motivos citados foram: vista ruim; tonturas; as pernas faltara; calçados inadequados e gastos, com solado gasto; tecido da rede velho; brinquedo espalhado na casa; tapetes; levantar à noite para ir ao banheiro; presença de batentes; camas altas e tipo beliche; cachorro no meio da casa; a cadeira virou; piso liso, escorregadio e molhado, buracos e lodo no quintal.
Todos concordaram que as quedas podem acontecer em qualquer idade, mas que nos idosos se tornam mais preocupantes, pois os ossos são fracos (osso, nervo e músculo tudo caído), tem falta de equilíbrio, não tem mais agilidade e devido as doenças como Diabetes, pressão alta ou baixa, labirintite, colesterol alto e viroses e infecções. As partes do corpo mais machucada seriam joelhos, bumbum, costelas, mãos, testa, braços e pernas. E na hora de fecharmos um conhecimento sobre como evitar as quedas todos os idosos e cuidadores foram diretos em responder: trocar o calçado antes da sola ficar gasta, usar calçados com sola aderente; trocar de rede quando perceber que o tecido estar ficando gasto, evitar tapetes, ter cuidados com brinquedos e animais no meio da casa, cuidado com os batentes, ter ponto de luz do lado da cama, usar “pinicos” quando o banheiro ficar fora da casa, tapar buracos e tirar o lodo do quintal; controlar o diabetes, a pressão, o colesterol e a labirintite; fazer atividade física, cuidar da vista e trocar o óculos e adaptar a casa com corrimão, altura dos móveis, piso aderente, barras no banheiro.
Ao final da oficina com a ajuda de casinhas de brinquedo e materiais diversos os participantes foram divididos em dois grupos e solicitados que montassem uma casa adequada e outra inadequada para um idoso morar. As casas foram arrumadas conforme tudo que foi refletido na oficina, não precisamos como profissionais ensinar nada, todo mundo trazia dentro de si uma experiência de queda e assim o grupo construiu o seu próprio conhecimento a partir de suas vivências de como evitar quedas. A segunda etapa foi uma semana de exercícios funcionais feitas pelo profissional de educação física, que é voluntário e atua na UBS. Durante a semana do Projeto realizou vários exercícios de própriocepção, marcha, postura e equilíbrio que contribuem para diminuir riscos de quedas. A terceira etapa foi visita domiciliar em 30 casas de idosos impossibilitados de comparecer a UBS para identificação de riscos de quedas. Contou- se com a parceria dos alunos de enfermagem de uma faculdade privada que no momento estagiavam na UBS e os ACS. Todas as casas visitadas ofereciam riscos de quedas para seus idosos. A quarta e última etapa está em andamento.
EQUIPE
Os recursos humanos são os da própria UBS, NASF e Faculdades conveniadas com A Fundação Municipal de Saúde. Até o momento nenhum custo adicional.
EQUIPAMENTOS E RECURSOS
Utiliza-se na experiência recursos materiais e espaços disponíveis na UBS como salas, corredor de espera, estacionamento e oca de terapias. Garrafinhas de água mineral, cabo de vassouras, cones, bambolês e faixas cedidos pelo NASF. Papel A4, folhas de isopor e percevejos. Para impressão de algum material conta- se com apoio da coordenadora da UBS e alunos das faculdades conveniadas. Nenhum gasto adicional.
RESULTADOS
O resultado em curto prazo foi à redução do número de quedas em idosos em um ano de projeto. Em 2016, no período chuvoso (JAN-ABRIL) não foi registrado pela equipe nenhuma queda em idoso. Como resultado em médio prazo, percebe-se o interesse dos familiares, cuidadores e profissionais pela temática, o que possibilita o olhar atento durante as consultas, às visitas domiciliares e atividades coletivas. O tema prevenção de quedas é abordado de forma contínua pelas equipes e profissionais do Núcleo de Apoio a Saúde da família (NASF) nas atividades educativas de sala de espera. As reuniões tornaram mensais no período das chuvas e bimestrais nos demais meses do ano e outras temáticas são abordadas como alimentação que fortifica os músculos e ossos, alongamentos para fazer ao despertar. Para isso utilizamos a rede de serviços e profissionais da saúde da UBS e da rede pública como nutricionista e fisioterapeutas do NASF e outros de acordo com o tema do mês, alunos de faculdades e outras parcerias. O profissional de educação física, especialista em grupos especiais, parceria com o voluntariado da igreja, incorporou os exercícios funcionais que auxiliam na redução dos fatores de risco pessoais para queda à sua rotina de exercícios. A longo prazo, está sendo programado as rodas de conversa com a sociedade, com gestores, vereadores, profissionais da educação, da engenharia civil e demais áreas que envolve a temática para se pensar na cidade que estamos construindo para a geração de idosos que aponta. Também já em fase de conclusão um projeto de ajuda financeira do município, ONGs e empresas privadas para adequação das casas dos idosos dos três territórios assistidos pela UBS. Espera- se o envolvimento de toda a rede municipal nessa etapa.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
Telefone: (61) 3315-6226
idoso@saude.gov.br