Ano: 
2019
Categoria: 
Promoção de atividades intersetoriais que beneficiem pessoas idosas por meio da integração do setor Saúde com: Assistência Social, Direitos Humanos, Educação, Transporte, Ministério Público, dentre outros)
Região da Prática: 
Sul
Município: 
Irati
Instituição Responsável: 
Departamento da Política da Pessoa Idosa
Parceiros: 
Universidade Centro Oeste do Paraná
Coordenação da experiência: 
Denis Cezar Musial
Telefone institucional: 
(42) 3907-3104
Email da coordenação: 
gestaoirati@gmail.com
Qual a esfera da experiência?: 
Grupo B - Municípios
O que motivou a realização dessa experiência?: 
A realidade na qual se insere o presente projeto é caraterizada por dados estatísticos municipais e em âmbito nacional. Dados do Município de Irati, entre os Censos Demográficos de 2000 e 2010, à taxa de 0,72% ao ano, passou de 52.318 para 56.207 habitantes. Essa taxa foi inferior àquela registrada no Estado, que ficou em 0,89% ao ano, e inferior à cifra de 0,88% ao ano da Região Sul. A taxa de urbanização apresentou alteração no mesmo período. A população urbana em 2000 representava 75,1% e em 2010 a passou a representar 79,94% do total. A estrutura demográfica também apresentou mudanças no município. Entre 2000 e 2010 foi verificada aumento da população idosa que, em termos anuais, cresceu 2,8% em média. Em 2000, este grupo representava 9,5% da população, já em 2010 detinha 11,6% do total da população municipal. Isso demonstra que o município deve ter algumas prioridades na implantação de políticas públicas, considerando o aumento da população idosa. A Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que “uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para um em cada cinco por meados de 2050”. Isso significa que é necessário que os países fomentem um debate de discussão do processo de envelhecimento e programem políticas públicas que ofertem serviços de qualidade a população Idosa. Em 2012, 810 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, constituindo-se 11,5% da população global. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em 2050, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global. Conforme dados, há uma feminilização da velhice, sendo necessário que seja planejado políticas públicas para a população idosa, em especial para mulheres, bem como, deve-se ter uma preocupação em estabelecer políticas públicas para Idosos, que tenham como diretrizes o cuidado e a atenção a saúde dessa população. Vale destacar também, que o envelhecimento é reflexo do baixo crescimento populacional aliado a menores taxas de fecundidade e natalidade. Em análise aos dados do IBGE-2010, no Brasil, o número de Idosos cresce em 55% em uma década, representando 12% da população brasileira, somando 23,5 milhões de brasileiros idosos(as), mais do que o dobro registrado em 1991. Quanto aos níveis de pobreza, em termos proporcionais, 2,7% da população está na extrema pobreza, com intensidade maior na área rural (6,4% da população na extrema pobreza na área rural contra 1,7% na área urbana). Nota-se, nesta análise comparativa de dados de 2000 a 2010, a necessidade de o município investir em políticas públicas de combate à pobreza, em especial na área rural que cheguem até o usuário para conhecer a sua realidade e trabalhar de acordo com sua cultura. Essa situação faz com que o município busque através dos entes federados investimentos de ações para a população idosa, em ações de prevenção e para que esta ação se transforme em melhoria é necessário que seja apresentado projetos de captação de recursos para desenvolver ações de prevenção com vistas a ruptura dos vínculos familiares e comunitário e o fortalecimento da função protetiva no cuidado e proteção da pessoa idosa. Para isso, há realidade brasileira apresenta novas necessidades e especificidades para a população idosa de acordo com suas realidades locais, contextos sociais, econômicos, políticos e culturais. A fim de atender essa diversidade, deve- se reconhecer suas histórias de vida, ambiente familiar e comunitário para a garantia de dos direitos humanos envolvendo a população Idosa. Faz-se claro essa afirmação nas mudanças estruturais demográficas que teve verificado a ampliação da população idosa no município entre 2000 e 2010, crescendo uma média, em termos anuais, de 2,8%. Em 2000, este grupo representava 9,5% da população, já em 2010 detinha 11,6% do total da população municipal. Outro dado importante de trazer para o debate é o indicador que compõe a dimensão Longevidade do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). No município, a esperança de vida ao nascer cresceu 5,3 na última década, passando de 69,9 anos, em 2000, para 75,1 anos, em 2010. Em 1991, era de 64,1 anos. Em uma análise macrobrasileira, a esperança de vida ao nascer é de 73,9 anos, em 2010, de 68,6 anos, em 2000, e de 64,7 anos, em 1991. Isso demostra que o município apresenta um índice razoável de desenvolvimento humano, estando acima da média nacional. Para tanto, faz-se pertinente em aprimorar esse índice, ampliando o acesso a serviços públicos, em especial a população idosa, para a garantia dos seus direitos. Nesta sintonia, ações de prevenção a rupturas familiares e comunitárias que vêm sendo desenvolvida pela Secretaria Municipal de Assistência Social através dos equipamentos sociais, a saber: Três Centros de Referência de Assistência Social, um Centro de Referência Especializado de Assistência Social e diversas Instituições de acolhimento, em destaque, uma Instituição de Longa Permanência para Idosos ganham sustentação para agir de forma efetiva em assegurar um pleno desenvolvimento e reconhecimento da sabedoria da pessoa idosa, bem como, o estímulo a ações de convivência familiar e comunitária, resolvendo as situações- problemas nas políticas existentes e com interface com outras políticas setoriais. A Secretaria Municipal de Assistência Social já desenvolve ações desta natureza há diversos anos, aprimorando-as conforme a realidade do município, sendo dinâmica e flexível. Por outro lado, caso esse projeto seja contemplado vêm aprimorar e expandir os serviços voltados para a população idosa, tanto em âmbito rural como urbano. Pode-se apontar que, essas ações possuem vinculação com o Plano Municipal dos direitos da Pessoa Idosa de Irati 2016/2019, propondo o desenvolvimento de oficinas de diversas naturezas (artes, música, cultura, memorização, dentre outras) na área urbana e rural para o desenvolvimento social da população idosa de Irati-PR, bem como, está em consonância com as diretrizes para a elaboração da proposta, tendo como área de interesse a Convivência Familiar e Comunitária na qualificação dos fluxos de atendimento das políticas e do Sistema de Garantia de Direitos de Irati-PR. Vale ressaltar que o projeto após a sua finalização, terá continuidade com o apoio do espaço acadêmico, instituições públicas e privadas, dentre outras.
O que se esperava modificar ou realizar através da iniciativa?: 
Promover oficinas socioeducativas para a população idosa na área urbana e rural da região Sul do Paraná no município de Irati-PR, contribuindo com ações de convivência familiar e comunitária para o desenvolvimento de um ambiente saudável e acolhedor de se viver entre os membros familiares.
Descreva as metas para o desenvolvimento da experiência (de 1 a 4, no maximo): 
IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ARTE E MOVIMENTO COM-OFICINAS SOCIOEDUCATIVAS COM IDOSOS NA ÁREA RURAL E URBANA NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE IRATI-PR
Estruturação e capacitação de 08 h com os profissionais contratados e coordenadores dos equipamentos sociais para trabalhar as seguintes temáticas: Política Nacional do Idoso; Sistema Único de Assistência Social; Violências envolvendo a população idosa.
02 ESPAÇOS DE REFLEXÃO DO PROJETO
Desenvolver dois Workshop bianual para a divulgação das ações para a sociedade civil
Qual o perfil dos idosos envolvidos nessa experiência?: 
São idosos dependentes de ambos os sexos com situações de isolamento, humilhação, abandono e violações de direitos
De que forma a experiência foi divulgada ao público?: 
Foi divulgada através dos meios de comunicação do município (rádio, internet, redes sociais) e boca a boca
Onde foi desenvolvida?: 
As oficinas consistiram em encontros temáticos que abordaram questões físicas, psicológicas e sociais com a população idosa foram e ainda são oferecidas semanalmente nos bairros Rio Bonito, Vila Nova, Lagoa (ILPI Santa Rita e Cruzeiro), Joaquim Zarpelon (Praça do CEU), Nhapindazal e Pedreira e, quinzenalmente nos bairros Riozinho e Engenheiro Gutierrez e nas comunidades de Pinho de Baixo, Monjolo e Vila Rural, interior do município. Os locais de encontro variam entre Centros de Convivência, Centros Comunitários e pavilhões de igrejas, onde não há espaço público municipal. Todos os territórios citados possuem cobertura de Unidades Básicas de Saúde
Como os idosos foram selecionados para participar?: 
as oficinas são abertas não havendo critérios de participação e exclusão dos idosos
Quantos idosos pretendiam alcançar com essa experiência?: 
2000
Quantos idosos participaram da experiência, por ano de atividade?: 
Participaram neste período de doze meses de projeto 1000 pessoas idosas
Ao final, ou até o momento, quantos idosos participaram da experiência?: 
1000
Descreva detalhadamente como eram as atividades realizadas: 
O Projeto Arte e Movimento iniciou suas atividades com as oficinas de Práticas Corporais e Mobilidade Humana. O atraso na contratação dos outros dois profissionais se deu pela ausência de interessados no momento do processo licitatório, sendo classificado como licitação deserta até o mês de dezembro/2018 onde se uniram ao Projeto as oficinas de Práticas de Memorização e Yoga e Relaxamento, essa última substituindo as atividades da Oficina de Canto portanto, hoje o projeto conta com uma equipe multidisciplinar de quatro educadores sociais (oficineiros) e um estagiário contrato com recursos municipais. Esse atraso na contratação não afetou a qualidades dos serviços ofertados, mas sim o alcance populacional estipulado no início do Projeto, uma vez que a equipe completa passou a atuar nos últimos seis meses. As oficinas consistiram em encontros temáticos que abordaram questões físicas, psicológicas e sociais com a população idosa foram e ainda são oferecidas semanalmente nos bairros Rio Bonito, Vila Nova, Lagoa (ILPI Santa Rita e Cruzeiro), Joaquim Zarpelon (Praça do CEU), Nhapindazal e Pedreira e, quinzenalmente nos bairros Riozinho e Engenheiro Gutierrez e nas comunidades de Pinho de Baixo, Monjolo e Vila Rural, interior do município. Os locais de encontro variam entre Centros de Convivência, Centros Comunitários e pavilhões de igrejas, onde não há espaço público municipal. Todas têm em comum o caráter socioeducativo que permeia a prática, ou seja, são trabalhadas questões de interesse da população idosa em consoante com a Política Nacional de Assistência Social no tocante aos temas a serem desenvolvidos dentro do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) (Brasil, 2017), e que tem por objetivos a essa faixa etária: -Contribuir para um processo de envelhecimento ativo, saudável e autônomo; -Assegurar espaço de encontro para pessoas idosas e encontros intergeracionais, de modo a promover a sua convivência familiar e comunitária; -Detectar suas necessidades e motivações, bem como desenvolver potencialidades e capacidades para novos projetos de vida; -Propiciar vivências que valorizem as suas experiências e que estimulem e potencializem a capacidade de escolher e decidir. Todas a atividades realizadas contaram com planejamento semanal, onde também foram discutidas as questões advindas dos grupos, além de formações regulares oferecidas pela equipe de coordenadores do Serviço de Proteção Básica da SMAS. As metodologias utilizadas foram amplas, porém todas tiveram em comum a união de práticas manuais, rodas de conversa, atividades físicas e dinâmicas de grupo, além da realização de Bailes e Bingo. Essa variedade de abordagens ainda pode ser vista no desenvolvimento dos trabalhos com os grupos ainda hoje. Outra questão importante a ser colocada, reside na dificuldade em mobilizar as comunidades do interior do município. Questões como baixa adesão de participantes, desinteresse pelos temas sugeridos e questões envolvendo lideranças comunitárias foram levantadas durante as tentativas de formação de grupos, resultando em insucesso em algumas comunidades. Esse último aspecto, se deu através da negativa no empréstimo do espaço comunitário e até mesmo tentativa de algum benefício financeiro como o pagamento da conta de energia elétrica. Em parte pode ser explicado, pela até então ausência de trabalhos dessa categoria no interior do município, sendo as atividades em grupo oferecidas por instituições religiosas e órgãos institucionais de extensão rural, ou seja, a formação de grupos se dá principalmente, na oferta de cursos pontuais e com vistas à geração de renda, esse efeito é agravado uma vez que a aposentadoria possibilita um acréscimo na renda, não significando o fim do trabalho porque as funções continuam a ser desempenhadas após a aposentadoria e contribuem para melhorar a qualidade de vida e acesso a bens de consumo. Essa característica pôde ser observada em época de safra, principalmente de fumo, onde os grupos de comunidades produtoras se desfizeram, restando pouquíssimos participantes. Mesmo na região central do município, os técnicos atuantes no trabalho socioassistencial percebem a dificuldade em mobilizar comunidades onde não há um espaço utilizado para essa finalidade, como um Centro de Convivência, isso também pôde ser percebido no interior do município. Com a ideia de construir o vínculo necessário entre os participantes, as oficinas de Mobilidade Humana no início do Projeto, se deram através de rodas de conversa, dinâmicas e jogos. Os temas trabalhados versaram sobre identidade individual e autoimagem (Fig. 3), identidade de grupo mas também os dilemas e prazeres do processo de envelhecimento, além do levantamento das demandas principais e compartilhadas pelos grupos, o mesmo processo ocorreu nos grupos formados pelos educadores das oficinas de Yoga e Relaxamento e Práticas de Memorização, contratados após os início das atividades. Figura 3: Oficina sobre identidade e autoimagem "Para quem você tira o chapéu" com o grupo de Engenheiro Gutierrez nas oficinas de Mobilidade Humana. Trabalhar a questão da autoimagem e identidade individual é de extrema relevância para o entendimento dos idosos sobre a importância que ocupam no seio familiar e comunitário, assim, identificando seu valor no requerimento de direitos. A Dinâmica “Para quem você tira o chapéu, foi realizada de modo que os participantes não soubesses de quem se tratava a pessoa da foto presa dentro do chapéu (espelho) sendo após desafiados a falar três qualidades da “pessoa” sem revelar quem era, gerando surpresa e gargalhadas. Nos grupos, onde a pessoa não se sentia confortável a falar sobre si, depois de revelada a brincadeira, os colegas se pronunciaram sobre a importância deles no grupo com palavras de carinho e gentileza. Romper o paradigma do idoso passivo e desconhecedor de seus direitos, é a premissa dos trabalhos com idosos no município, sendo que os mesmos discutiram temas que até então eram considerados desinteressantes aos idosos, como direitos, construção física das cidades, violências, entre outros. Culminando com a participação dos grupos durante a realização das Pré-Conferências dos Direitos da Pessoa Idosa, onde discutiram e avaliaram políticas públicas em educação; saúde; assistência social e previdência; moradia e transporte, lazer, esporte e cultura; combate à violação de direitos e conselhos de direitos de maneira assertiva e participante. Encontros realizados de forma automática impedem que os educadores conheçam a realidade dos idosos e impossibilitam a troca de conhecimentos. Segundo Torres (2013), para o fortalecimento do trabalho social na política de assistência social, é necessário o desenvolvimento de conhecimentos sobre situações de sofrimento, para tomá-las como demanda na atenção do trabalho e a superação de práticas conservadoras que ao desvalorizar o sujeito terminam por se constituir como expressão de segregação e não de proteção. A oficina sobre “Onde ficam os sentimentos do idos@” buscou dar voz aos sentimentos dos idosos, muitas vezes isolados do convívio familiar, no que tange suas escolhas e conhecimentos (Fig. 4) Figura 4: Oficina de trabalhos manuais para discutir “Onde ficam os sentimentos do idoso” com o grupo do Riozinho As oficinas de Mobilidade Humana cumpriram com seu papel enquanto objetivos delimitados, porém avançaram nesses objetivos no que compete o olhar crítico quando se tem acesso ao conhecimentos dos direitos, funcionando como mola propulsora à participação cidadã dos idosos no momento da Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. As atividades realizadas foram desenvolvidas em torno de um eixo temático, representado por um direito fundamental presente no Estatuto do Idoso, porém não foi limitado ao direito somente, como descrito em lei, e sim objetivando uma visão mais ampla, para que, além do conhecimento do direito específico, haja a melhoria na qualidade de vida. Como exemplo, no encontro dedicado ao tema alimentação, foram discutidos: o percurso necessário ao encontro do direito, cultura alimentar, importância da ingestão de grupos de alimentos para a manutenção da saúde dos idosos, entre outros, de forma a fazer a interface aos temas saúde e renda, por exemplo, uma vez que são integrados e constituem a base do direito primordial dos indivíduos que é o Direito à Vida. Todas as práticas pensadas pelas oficinas de mobilidade conversam com o direito exposto mas também apontaram caminhos dentro da Rede na resolução de demandas que não são competência da Política de Assistência Social, como saúde mental, no entendimento de mobilidade também como acesso à informação no que tange a seguridade dos direitos Pensando na importância dos vínculos familiares na superação de dificuldades e ampliação de potencialidades, o público das oficinas pôde ser caracterizado em sua maioria por idosos, porém houve casos em que pessoas de outras faixas etárias participaram, seja acompanhando os pais e avós ou mesmo por interesse. A acolhida dessas pessoas no grupo foi a mesma, principalmente pela ideia da importância de um trabalho intergeracional. Para Magalhães (2000), “Aproximar gerações é objetivo do trabalho social que busca quebrar barreiras geracionais, eliminar preconceitos e vencer discriminações”. Com essa proposta específica, foram realizadas oficinas entre idosos e crianças, reforçando a importância do trabalho multidisciplinar. A escola Municipal dos Colonizadores, elaborou o projeto pedagógico do ano de 2018 com base na relação entre os avós e as crianças da escola. As atividades propostas contavam com a colaboração das crianças e dos idosos, não necessariamente seu avós, na confecção de almofadas para o “cantinho da leitura” e pomadas medicinais, mas também trocaram experiências sobre suas brincadeiras favoritas (Fig. 5). Para Novaes (1997): “A criança e o idoso talvez se reúnam em uma dimensão intemporal do ser, a qual eles pertencem por direito, um por não haver ainda saído dela e o outro por tê-la reencontrado”. O resultado mais interessante dessa prática residiu, justamente, no fato de as duas gerações ainda compartilharem boa parte das brincadeiras e levarem o encontro como se a idade cronológica realmente não existisse. Figura 5: Oficina Intergeracional “construção do cantinho da leitura” Essa ponte invisível que une gerações é um dos caminhos encontrados pelos trabalhadores do Projeto, haja visto a possibilidade de na lembrança das experiências o idoso encontre ferramentas para superar desafios diários mas também como um caminho de transmissão de saber, acumulado durante a vida, fator que colabora para o sentimento de pertencimento, melhorando muitas vezes sua autoestima. As oficinas buscaram demonstrar a importância do legado sociocultural desses idosos objetivando com isso a valorização da pessoa idosa mas também a ponte de acesso emocional entre idosos e crianças. Esse conhecimento, construído ao logo da vida, pôde ser percebido em todas as rodas de conversa, principalmente nas que discutiam segurança alimentar e nutricional, surgindo diversas propostas de políticas públicas, como a construção de quintais urbanos e a incorporação de vegetais na cesta básica fornecida como benefício eventual. Nesse contexto, em parceria com a Cáritas Diocesana de Ponta Grossa, o projeto viabilizou uma horta de plantas medicinais no bairro Pedreira, esse é um conhecimento milenar e carregado de sentidos, sendo repassado por gerações e que vem se perdendo pelo próprio modelo econômico vigente, porém de extrema importância aos nossos idosos, que possuem forte ligação com o rural (Fig. 5) Figura 6: Oficina sobre plantas medicinais: confecção de extratos naturais e pomada cicatrizante Nesse mesmo grupo são discutimos além dos temas já elencados, questões sobre qualidade do meio ambiente, autocuidados naturais, como a confecção de pomadas e novos projetos de vida, como a comercialização dos materiais confeccionados no futuro pelo projeto, como mudas, sementes, pomadas e extratos naturais. Caminhando em interface às oficinas de Mobilidade Humana durante o início do Projeto, mais densa em sua construção, as oficinas de Práticas Corporais forneceram a leveza necessária à discussão de temas tão complexos e reflexivos, complementando a importância de atividades preventivas em saúde e bem-estar, principalmente no entendimento do corpo com algumas limitações ocasionadas pelo processo de envelhecimento. O trabalho interdisciplinar é o grande salto nos trabalhos com a população idosa, inclusive as oficinas são oferecidas em sistema de rodizio, para que todos os temas sejam abordados pelos educadores. As oficinas de Práticas Corporais também entremearam as atividades de lazer como o momento do Bingo e do Baile, também passeios de trenzinho e caminhadas, além do planejamento semanal do projeto (Fig. 7). Figura 7: Atividades de lazer realizadas com os Grupos das Oficinas de Práticas Corporais Fornecendo ferramentas importantes no que tange à saúde dos usuários, todas as atividades físicas realizadas nos grupos foram pensadas para que os usuários pudessem realiza-las também em suas casas. Outra atividade interessante e com grande adesão foram os “I Jogos Alternativos” (Fig. 9) com o grupo do Rio Bonito, pensando também em expandir essa atividade nos outros grupos. Figura 8: Jogos Alterntivos com o Grupo Rio Bonito Os Jogos foram realizados em parceria com o educador das Oficinas de Práticas de Memorização e do estagiário do Projeto, visando também construir um vínculo para atividades já programadas nesse grupo e que se iniciarão no mês de agosto. As oficinas de Memorização supriram uma lacuna nas atividades com a população idosa, no entendimento da importância dessas atividades no retardo dos processos senis cerebrais mas também como forte aliada no resgate das histórias de vida dos idosos, muitas vezes isolados do convívio familiar. As atividades foram elaboradas utilizando-se desde jogos de tabuleiro como dama e xadrez, como atividades simples de caça-palavras, jogo-da-velha e jogos de memória (Fig 10). Figura 9: Atividades de Memorização com o grupo Engenheiro Gutierrez Mostrar novas possibilidades de atividades rompendo os paradigmas nos trabalhos com a população idosa também pôde ser percebido nas oficinas de Yoga e Relaxamento. Por questões de planejamento da educadora, as oficinas são realizadas em cinco grupos, sendo um deles a Instituição de Longa Permanência (ILPI) Santa Rita, sendo assim oferecidas semanalmente (Fig. 10). As atividades dessa temática buscam a diminuição de episódios de ansiedade e depressão, autocuidado e cuidado com os demais, importância de uma alimentação equilibrada, fortalecimento de relações comunitárias e familiares e melhora da mobilidade física entre outros. Os relatos dessa oficina são surpreendentes, principalmente em relação à mobilidade mas também no controle das emoções, na diminuição do estresse diário e, principalmente, no sentimento de pertencimento do “não sentir-se só” como relatado por uma idosa. Figura 10: Oficinas de Yoga e Relaxamento com os grupos intergeracionais e com os residentes da ILPI Santa Rita Mais do que oficinas mecânicas e sem reflexão, o Projeto buscou ao longo dos meses construir pontes entre os grupos, tão desconectados anteriormente, mas também entre os próprios participantes de cada grupo na ideia primordial de que os grupos do SCFV buscam a identificação e fortalecimento das competências individuais, visando a construção de vínculos comunitários e familiares, no entendimento que nosso trabalho tem início, meio e fim. A autonomia dos sujeitos na resolução de suas demandas ou nos caminhos que levam uma melhor compreensão dessa resolução só é conseguido quando os usuários entendem seu papel de protagonistas de suas histórias, quando se sentem capazes e fortalecidos exercendo seu papel de cidadãos na briga por seus direitos, por isso, no entendimento dos trabalhadores do projeto, todas as oficinas trabalham em algum momento o estatuto do idoso, os caminhos de acesso ao direitos e a participação em locais como Audiências Públicas ou até mesmo na Conferência dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada no dia 11 de junho de 2019. Foram realizadas 14 Pré-Conferências com os grupos já formados onde discutiram e avaliaram políticas públicas em educação; saúde; assistência social e previdência; moradia e transporte, lazer, esporte e cultura; combate à violação de direitos e conselhos de direitos de maneira assertiva e participante. (Fig. 11) Figura 11: Pré-Conferências dos Direitos da Pessoa Idosa
Descreva quais as dificuldades encontradas para realização das atividades.: 
O Projeto Arte e Movimento, enquanto política pública direcionada à população idosa, ainda tem seu caminho a percorrer, principalmente na resolução dos gargalos identificados, mas se constitui em uma forma concreta de trabalho e que afirmativamente tem funcionado como meio de romper paradigmas no que tange o trabalho com idosos. Porém, devido ao histórico das intervenções realizadas, o famoso BBB (Bingo, Baile e Bolo) em alguns grupos, ainda é necessário sensibilidade e paciência para quebrar essa lógica sem desmerecer a vontade dos grupos.
Quais foram os resultados observados depois da implementação?: 
Mais do que oficinas mecânicas e sem reflexão, o Projeto buscou ao longo dos meses construir pontes entre os grupos, tão desconectados anteriormente, mas também entre os próprios participantes de cada grupo na ideia primordial de que os grupos do SCFV buscam a identificação e fortalecimento das competências individuais, visando a construção de vínculos comunitários e familiares, no entendimento que nosso trabalho tem início, meio e fim. O Projeto proporcionou uma nova provocação para os serviços para pensar a população idosa, como, organização e prioridade nos atendimentos e acompanhamento com as famílias que possuem entre seus membros pessoas idosas
Descreva os resultados observados de acordo com as metas previstas: 
Ampliação de grupos de convivência para idosos
Formação continuada com os profissionais sobre Gerontologia Social
Práticas comunitárias e territoriais que discutam a velhice e encelhecimento
Descreva em forma de indicadores quantitativos (números, proporções, taxas) os resultados alcançados pela experiência.: 
A forma dos indicadores são através do quantitativo de idosos presentes nos grupos realizados nos territórios
Existe equipe responsável pelo monitoramento/avaliação da experiência?: 
Sim
Com que frequência se reúne?: 
semestral
Quais os pontos positivos da experiência?: 
ampliação de grupos de convivência para idosos nos territórios vulneráveis; conhecimento sobre envelhecimento e velhice; desenvolvimento sustentável nos territórios sobre envelhecimento
Quais as limitações da experiência?: 
Dificuldade de mobilização dos idosos que residem no campo para participar nos grupos de convivência.
2019
-
Sul
Projeto Arte e Movimento
Introdução
A realidade na qual se insere o presente projeto é caraterizada por dados estatísticos municipais e em âmbito nacional. Dados do Município de Irati, entre os Censos Demográficos de 2000 e 2010, à taxa de 0,72% ao ano, passou de 52.318 para 56.207 habitantes. Essa taxa foi inferior àquela registrada no Estado, que ficou em 0,89% ao ano, e inferior à cifra de 0,88% ao ano da Região Sul. A taxa de urbanização apresentou alteração no mesmo período. A população urbana em 2000 representava 75,1% e em 2010 a passou a representar 79,94% do total. A estrutura demográfica também apresentou mudanças no município. Entre 2000 e 2010 foi verificada aumento da população idosa que, em termos anuais, cresceu 2,8% em média. Em 2000, este grupo representava 9,5% da população, já em 2010 detinha 11,6% do total da população municipal. Isso demonstra que o município deve ter algumas prioridades na implantação de políticas públicas, considerando o aumento da população idosa. A Organização das Nações Unidas (ONU) projeta que “uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais, e estima-se um crescimento para um em cada cinco por meados de 2050”. Isso significa que é necessário que os países fomentem um debate de discussão do processo de envelhecimento e programem políticas públicas que ofertem serviços de qualidade a população Idosa. Em 2012, 810 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, constituindo-se 11,5% da população global. Projeta-se que esse número alcance 1 bilhão em menos de dez anos e mais que duplique em 2050, alcançando 2 bilhões de pessoas ou 22% da população global. Conforme dados, há uma feminilização da velhice, sendo necessário que seja planejado políticas públicas para a população idosa, em especial para mulheres, bem como, deve-se ter uma preocupação em estabelecer políticas públicas para Idosos, que tenham como diretrizes o cuidado e a atenção a saúde dessa população. Vale destacar também, que o envelhecimento é reflexo do baixo crescimento populacional aliado a menores taxas de fecundidade e natalidade. Em análise aos dados do IBGE-2010, no Brasil, o número de Idosos cresce em 55% em uma década, representando 12% da população brasileira, somando 23,5 milhões de brasileiros idosos(as), mais do que o dobro registrado em 1991. Quanto aos níveis de pobreza, em termos proporcionais, 2,7% da população está na extrema pobreza, com intensidade maior na área rural (6,4% da população na extrema pobreza na área rural contra 1,7% na área urbana). Nota-se, nesta análise comparativa de dados de 2000 a 2010, a necessidade de o município investir em políticas públicas de combate à pobreza, em especial na área rural que cheguem até o usuário para conhecer a sua realidade e trabalhar de acordo com sua cultura. Essa situação faz com que o município busque através dos entes federados investimentos de ações para a população idosa, em ações de prevenção e para que esta ação se transforme em melhoria é necessário que seja apresentado projetos de captação de recursos para desenvolver ações de prevenção com vistas a ruptura dos vínculos familiares e comunitário e o fortalecimento da função protetiva no cuidado e proteção da pessoa idosa. Para isso, há realidade brasileira apresenta novas necessidades e especificidades para a população idosa de acordo com suas realidades locais, contextos sociais, econômicos, políticos e culturais. A fim de atender essa diversidade, deve- se reconhecer suas histórias de vida, ambiente familiar e comunitário para a garantia de dos direitos humanos envolvendo a população Idosa. Faz-se claro essa afirmação nas mudanças estruturais demográficas que teve verificado a ampliação da população idosa no município entre 2000 e 2010, crescendo uma média, em termos anuais, de 2,8%. Em 2000, este grupo representava 9,5% da população, já em 2010 detinha 11,6% do total da população municipal. Outro dado importante de trazer para o debate é o indicador que compõe a dimensão Longevidade do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM). No município, a esperança de vida ao nascer cresceu 5,3 na última década, passando de 69,9 anos, em 2000, para 75,1 anos, em 2010. Em 1991, era de 64,1 anos. Em uma análise macrobrasileira, a esperança de vida ao nascer é de 73,9 anos, em 2010, de 68,6 anos, em 2000, e de 64,7 anos, em 1991. Isso demostra que o município apresenta um índice razoável de desenvolvimento humano, estando acima da média nacional. Para tanto, faz-se pertinente em aprimorar esse índice, ampliando o acesso a serviços públicos, em especial a população idosa, para a garantia dos seus direitos. Nesta sintonia, ações de prevenção a rupturas familiares e comunitárias que vêm sendo desenvolvida pela Secretaria Municipal de Assistência Social através dos equipamentos sociais, a saber: Três Centros de Referência de Assistência Social, um Centro de Referência Especializado de Assistência Social e diversas Instituições de acolhimento, em destaque, uma Instituição de Longa Permanência para Idosos ganham sustentação para agir de forma efetiva em assegurar um pleno desenvolvimento e reconhecimento da sabedoria da pessoa idosa, bem como, o estímulo a ações de convivência familiar e comunitária, resolvendo as situações- problemas nas políticas existentes e com interface com outras políticas setoriais. A Secretaria Municipal de Assistência Social já desenvolve ações desta natureza há diversos anos, aprimorando-as conforme a realidade do município, sendo dinâmica e flexível. Por outro lado, caso esse projeto seja contemplado vêm aprimorar e expandir os serviços voltados para a população idosa, tanto em âmbito rural como urbano. Pode-se apontar que, essas ações possuem vinculação com o Plano Municipal dos direitos da Pessoa Idosa de Irati 2016/2019, propondo o desenvolvimento de oficinas de diversas naturezas (artes, música, cultura, memorização, dentre outras) na área urbana e rural para o desenvolvimento social da população idosa de Irati-PR, bem como, está em consonância com as diretrizes para a elaboração da proposta, tendo como área de interesse a Convivência Familiar e Comunitária na qualificação dos fluxos de atendimento das políticas e do Sistema de Garantia de Direitos de Irati-PR. Vale ressaltar que o projeto após a sua finalização, terá continuidade com o apoio do espaço acadêmico, instituições públicas e privadas, dentre outras.
Objetivos
Promover oficinas socioeducativas para a população idosa na área urbana e rural da região Sul do Paraná no município de Irati-PR, contribuindo com ações de convivência familiar e comunitária para o desenvolvimento de um ambiente saudável e acolhedor de se viver entre os membros familiares.
Metas
  1. IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ARTE E MOVIMENTO COM-OFICINAS SOCIOEDUCATIVAS COM IDOSOS NA ÁREA RURAL E URBANA NA REGIÃO SUL DO MUNICÍPIO DE IRATI-PR
  2. Estruturação e capacitação de 08 h com os profissionais contratados e coordenadores dos equipamentos sociais para trabalhar as seguintes temáticas: Política Nacional do Idoso; Sistema Único de Assistência Social; Violências envolvendo a população idosa.
  3. 02 ESPAÇOS DE REFLEXÃO DO PROJETO
  4. Desenvolver dois Workshop bianual para a divulgação das ações para a sociedade civil
Público alvo
São idosos dependentes de ambos os sexos com situações de isolamento, humilhação, abandono e violações de direitos
Divulgação
Foi divulgada através dos meios de comunicação do município (rádio, internet, redes sociais) e boca a boca
Número de participantes
1000
Atividades
O Projeto Arte e Movimento iniciou suas atividades com as oficinas de Práticas Corporais e Mobilidade Humana. O atraso na contratação dos outros dois profissionais se deu pela ausência de interessados no momento do processo licitatório, sendo classificado como licitação deserta até o mês de dezembro/2018 onde se uniram ao Projeto as oficinas de Práticas de Memorização e Yoga e Relaxamento, essa última substituindo as atividades da Oficina de Canto portanto, hoje o projeto conta com uma equipe multidisciplinar de quatro educadores sociais (oficineiros) e um estagiário contrato com recursos municipais. Esse atraso na contratação não afetou a qualidades dos serviços ofertados, mas sim o alcance populacional estipulado no início do Projeto, uma vez que a equipe completa passou a atuar nos últimos seis meses. As oficinas consistiram em encontros temáticos que abordaram questões físicas, psicológicas e sociais com a população idosa foram e ainda são oferecidas semanalmente nos bairros Rio Bonito, Vila Nova, Lagoa (ILPI Santa Rita e Cruzeiro), Joaquim Zarpelon (Praça do CEU), Nhapindazal e Pedreira e, quinzenalmente nos bairros Riozinho e Engenheiro Gutierrez e nas comunidades de Pinho de Baixo, Monjolo e Vila Rural, interior do município. Os locais de encontro variam entre Centros de Convivência, Centros Comunitários e pavilhões de igrejas, onde não há espaço público municipal. Todas têm em comum o caráter socioeducativo que permeia a prática, ou seja, são trabalhadas questões de interesse da população idosa em consoante com a Política Nacional de Assistência Social no tocante aos temas a serem desenvolvidos dentro do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) (Brasil, 2017), e que tem por objetivos a essa faixa etária: -Contribuir para um processo de envelhecimento ativo, saudável e autônomo; -Assegurar espaço de encontro para pessoas idosas e encontros intergeracionais, de modo a promover a sua convivência familiar e comunitária; -Detectar suas necessidades e motivações, bem como desenvolver potencialidades e capacidades para novos projetos de vida; -Propiciar vivências que valorizem as suas experiências e que estimulem e potencializem a capacidade de escolher e decidir. Todas a atividades realizadas contaram com planejamento semanal, onde também foram discutidas as questões advindas dos grupos, além de formações regulares oferecidas pela equipe de coordenadores do Serviço de Proteção Básica da SMAS. As metodologias utilizadas foram amplas, porém todas tiveram em comum a união de práticas manuais, rodas de conversa, atividades físicas e dinâmicas de grupo, além da realização de Bailes e Bingo. Essa variedade de abordagens ainda pode ser vista no desenvolvimento dos trabalhos com os grupos ainda hoje. Outra questão importante a ser colocada, reside na dificuldade em mobilizar as comunidades do interior do município. Questões como baixa adesão de participantes, desinteresse pelos temas sugeridos e questões envolvendo lideranças comunitárias foram levantadas durante as tentativas de formação de grupos, resultando em insucesso em algumas comunidades. Esse último aspecto, se deu através da negativa no empréstimo do espaço comunitário e até mesmo tentativa de algum benefício financeiro como o pagamento da conta de energia elétrica. Em parte pode ser explicado, pela até então ausência de trabalhos dessa categoria no interior do município, sendo as atividades em grupo oferecidas por instituições religiosas e órgãos institucionais de extensão rural, ou seja, a formação de grupos se dá principalmente, na oferta de cursos pontuais e com vistas à geração de renda, esse efeito é agravado uma vez que a aposentadoria possibilita um acréscimo na renda, não significando o fim do trabalho porque as funções continuam a ser desempenhadas após a aposentadoria e contribuem para melhorar a qualidade de vida e acesso a bens de consumo. Essa característica pôde ser observada em época de safra, principalmente de fumo, onde os grupos de comunidades produtoras se desfizeram, restando pouquíssimos participantes. Mesmo na região central do município, os técnicos atuantes no trabalho socioassistencial percebem a dificuldade em mobilizar comunidades onde não há um espaço utilizado para essa finalidade, como um Centro de Convivência, isso também pôde ser percebido no interior do município. Com a ideia de construir o vínculo necessário entre os participantes, as oficinas de Mobilidade Humana no início do Projeto, se deram através de rodas de conversa, dinâmicas e jogos. Os temas trabalhados versaram sobre identidade individual e autoimagem (Fig. 3), identidade de grupo mas também os dilemas e prazeres do processo de envelhecimento, além do levantamento das demandas principais e compartilhadas pelos grupos, o mesmo processo ocorreu nos grupos formados pelos educadores das oficinas de Yoga e Relaxamento e Práticas de Memorização, contratados após os início das atividades. Figura 3: Oficina sobre identidade e autoimagem "Para quem você tira o chapéu" com o grupo de Engenheiro Gutierrez nas oficinas de Mobilidade Humana. Trabalhar a questão da autoimagem e identidade individual é de extrema relevância para o entendimento dos idosos sobre a importância que ocupam no seio familiar e comunitário, assim, identificando seu valor no requerimento de direitos. A Dinâmica “Para quem você tira o chapéu, foi realizada de modo que os participantes não soubesses de quem se tratava a pessoa da foto presa dentro do chapéu (espelho) sendo após desafiados a falar três qualidades da “pessoa” sem revelar quem era, gerando surpresa e gargalhadas. Nos grupos, onde a pessoa não se sentia confortável a falar sobre si, depois de revelada a brincadeira, os colegas se pronunciaram sobre a importância deles no grupo com palavras de carinho e gentileza. Romper o paradigma do idoso passivo e desconhecedor de seus direitos, é a premissa dos trabalhos com idosos no município, sendo que os mesmos discutiram temas que até então eram considerados desinteressantes aos idosos, como direitos, construção física das cidades, violências, entre outros. Culminando com a participação dos grupos durante a realização das Pré-Conferências dos Direitos da Pessoa Idosa, onde discutiram e avaliaram políticas públicas em educação; saúde; assistência social e previdência; moradia e transporte, lazer, esporte e cultura; combate à violação de direitos e conselhos de direitos de maneira assertiva e participante. Encontros realizados de forma automática impedem que os educadores conheçam a realidade dos idosos e impossibilitam a troca de conhecimentos. Segundo Torres (2013), para o fortalecimento do trabalho social na política de assistência social, é necessário o desenvolvimento de conhecimentos sobre situações de sofrimento, para tomá-las como demanda na atenção do trabalho e a superação de práticas conservadoras que ao desvalorizar o sujeito terminam por se constituir como expressão de segregação e não de proteção. A oficina sobre “Onde ficam os sentimentos do idos@” buscou dar voz aos sentimentos dos idosos, muitas vezes isolados do convívio familiar, no que tange suas escolhas e conhecimentos (Fig. 4) Figura 4: Oficina de trabalhos manuais para discutir “Onde ficam os sentimentos do idoso” com o grupo do Riozinho As oficinas de Mobilidade Humana cumpriram com seu papel enquanto objetivos delimitados, porém avançaram nesses objetivos no que compete o olhar crítico quando se tem acesso ao conhecimentos dos direitos, funcionando como mola propulsora à participação cidadã dos idosos no momento da Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa. As atividades realizadas foram desenvolvidas em torno de um eixo temático, representado por um direito fundamental presente no Estatuto do Idoso, porém não foi limitado ao direito somente, como descrito em lei, e sim objetivando uma visão mais ampla, para que, além do conhecimento do direito específico, haja a melhoria na qualidade de vida. Como exemplo, no encontro dedicado ao tema alimentação, foram discutidos: o percurso necessário ao encontro do direito, cultura alimentar, importância da ingestão de grupos de alimentos para a manutenção da saúde dos idosos, entre outros, de forma a fazer a interface aos temas saúde e renda, por exemplo, uma vez que são integrados e constituem a base do direito primordial dos indivíduos que é o Direito à Vida. Todas as práticas pensadas pelas oficinas de mobilidade conversam com o direito exposto mas também apontaram caminhos dentro da Rede na resolução de demandas que não são competência da Política de Assistência Social, como saúde mental, no entendimento de mobilidade também como acesso à informação no que tange a seguridade dos direitos Pensando na importância dos vínculos familiares na superação de dificuldades e ampliação de potencialidades, o público das oficinas pôde ser caracterizado em sua maioria por idosos, porém houve casos em que pessoas de outras faixas etárias participaram, seja acompanhando os pais e avós ou mesmo por interesse. A acolhida dessas pessoas no grupo foi a mesma, principalmente pela ideia da importância de um trabalho intergeracional. Para Magalhães (2000), “Aproximar gerações é objetivo do trabalho social que busca quebrar barreiras geracionais, eliminar preconceitos e vencer discriminações”. Com essa proposta específica, foram realizadas oficinas entre idosos e crianças, reforçando a importância do trabalho multidisciplinar. A escola Municipal dos Colonizadores, elaborou o projeto pedagógico do ano de 2018 com base na relação entre os avós e as crianças da escola. As atividades propostas contavam com a colaboração das crianças e dos idosos, não necessariamente seu avós, na confecção de almofadas para o “cantinho da leitura” e pomadas medicinais, mas também trocaram experiências sobre suas brincadeiras favoritas (Fig. 5). Para Novaes (1997): “A criança e o idoso talvez se reúnam em uma dimensão intemporal do ser, a qual eles pertencem por direito, um por não haver ainda saído dela e o outro por tê-la reencontrado”. O resultado mais interessante dessa prática residiu, justamente, no fato de as duas gerações ainda compartilharem boa parte das brincadeiras e levarem o encontro como se a idade cronológica realmente não existisse. Figura 5: Oficina Intergeracional “construção do cantinho da leitura” Essa ponte invisível que une gerações é um dos caminhos encontrados pelos trabalhadores do Projeto, haja visto a possibilidade de na lembrança das experiências o idoso encontre ferramentas para superar desafios diários mas também como um caminho de transmissão de saber, acumulado durante a vida, fator que colabora para o sentimento de pertencimento, melhorando muitas vezes sua autoestima. As oficinas buscaram demonstrar a importância do legado sociocultural desses idosos objetivando com isso a valorização da pessoa idosa mas também a ponte de acesso emocional entre idosos e crianças. Esse conhecimento, construído ao logo da vida, pôde ser percebido em todas as rodas de conversa, principalmente nas que discutiam segurança alimentar e nutricional, surgindo diversas propostas de políticas públicas, como a construção de quintais urbanos e a incorporação de vegetais na cesta básica fornecida como benefício eventual. Nesse contexto, em parceria com a Cáritas Diocesana de Ponta Grossa, o projeto viabilizou uma horta de plantas medicinais no bairro Pedreira, esse é um conhecimento milenar e carregado de sentidos, sendo repassado por gerações e que vem se perdendo pelo próprio modelo econômico vigente, porém de extrema importância aos nossos idosos, que possuem forte ligação com o rural (Fig. 5) Figura 6: Oficina sobre plantas medicinais: confecção de extratos naturais e pomada cicatrizante Nesse mesmo grupo são discutimos além dos temas já elencados, questões sobre qualidade do meio ambiente, autocuidados naturais, como a confecção de pomadas e novos projetos de vida, como a comercialização dos materiais confeccionados no futuro pelo projeto, como mudas, sementes, pomadas e extratos naturais. Caminhando em interface às oficinas de Mobilidade Humana durante o início do Projeto, mais densa em sua construção, as oficinas de Práticas Corporais forneceram a leveza necessária à discussão de temas tão complexos e reflexivos, complementando a importância de atividades preventivas em saúde e bem-estar, principalmente no entendimento do corpo com algumas limitações ocasionadas pelo processo de envelhecimento. O trabalho interdisciplinar é o grande salto nos trabalhos com a população idosa, inclusive as oficinas são oferecidas em sistema de rodizio, para que todos os temas sejam abordados pelos educadores. As oficinas de Práticas Corporais também entremearam as atividades de lazer como o momento do Bingo e do Baile, também passeios de trenzinho e caminhadas, além do planejamento semanal do projeto (Fig. 7). Figura 7: Atividades de lazer realizadas com os Grupos das Oficinas de Práticas Corporais Fornecendo ferramentas importantes no que tange à saúde dos usuários, todas as atividades físicas realizadas nos grupos foram pensadas para que os usuários pudessem realiza-las também em suas casas. Outra atividade interessante e com grande adesão foram os “I Jogos Alternativos” (Fig. 9) com o grupo do Rio Bonito, pensando também em expandir essa atividade nos outros grupos. Figura 8: Jogos Alterntivos com o Grupo Rio Bonito Os Jogos foram realizados em parceria com o educador das Oficinas de Práticas de Memorização e do estagiário do Projeto, visando também construir um vínculo para atividades já programadas nesse grupo e que se iniciarão no mês de agosto. As oficinas de Memorização supriram uma lacuna nas atividades com a população idosa, no entendimento da importância dessas atividades no retardo dos processos senis cerebrais mas também como forte aliada no resgate das histórias de vida dos idosos, muitas vezes isolados do convívio familiar. As atividades foram elaboradas utilizando-se desde jogos de tabuleiro como dama e xadrez, como atividades simples de caça-palavras, jogo-da-velha e jogos de memória (Fig 10). Figura 9: Atividades de Memorização com o grupo Engenheiro Gutierrez Mostrar novas possibilidades de atividades rompendo os paradigmas nos trabalhos com a população idosa também pôde ser percebido nas oficinas de Yoga e Relaxamento. Por questões de planejamento da educadora, as oficinas são realizadas em cinco grupos, sendo um deles a Instituição de Longa Permanência (ILPI) Santa Rita, sendo assim oferecidas semanalmente (Fig. 10). As atividades dessa temática buscam a diminuição de episódios de ansiedade e depressão, autocuidado e cuidado com os demais, importância de uma alimentação equilibrada, fortalecimento de relações comunitárias e familiares e melhora da mobilidade física entre outros. Os relatos dessa oficina são surpreendentes, principalmente em relação à mobilidade mas também no controle das emoções, na diminuição do estresse diário e, principalmente, no sentimento de pertencimento do “não sentir-se só” como relatado por uma idosa. Figura 10: Oficinas de Yoga e Relaxamento com os grupos intergeracionais e com os residentes da ILPI Santa Rita Mais do que oficinas mecânicas e sem reflexão, o Projeto buscou ao longo dos meses construir pontes entre os grupos, tão desconectados anteriormente, mas também entre os próprios participantes de cada grupo na ideia primordial de que os grupos do SCFV buscam a identificação e fortalecimento das competências individuais, visando a construção de vínculos comunitários e familiares, no entendimento que nosso trabalho tem início, meio e fim. A autonomia dos sujeitos na resolução de suas demandas ou nos caminhos que levam uma melhor compreensão dessa resolução só é conseguido quando os usuários entendem seu papel de protagonistas de suas histórias, quando se sentem capazes e fortalecidos exercendo seu papel de cidadãos na briga por seus direitos, por isso, no entendimento dos trabalhadores do projeto, todas as oficinas trabalham em algum momento o estatuto do idoso, os caminhos de acesso ao direitos e a participação em locais como Audiências Públicas ou até mesmo na Conferência dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada no dia 11 de junho de 2019. Foram realizadas 14 Pré-Conferências com os grupos já formados onde discutiram e avaliaram políticas públicas em educação; saúde; assistência social e previdência; moradia e transporte, lazer, esporte e cultura; combate à violação de direitos e conselhos de direitos de maneira assertiva e participante. (Fig. 11) Figura 11: Pré-Conferências dos Direitos da Pessoa Idosa
Resultados
Mais do que oficinas mecânicas e sem reflexão, o Projeto buscou ao longo dos meses construir pontes entre os grupos, tão desconectados anteriormente, mas também entre os próprios participantes de cada grupo na ideia primordial de que os grupos do SCFV buscam a identificação e fortalecimento das competências individuais, visando a construção de vínculos comunitários e familiares, no entendimento que nosso trabalho tem início, meio e fim. O Projeto proporcionou uma nova provocação para os serviços para pensar a população idosa, como, organização e prioridade nos atendimentos e acompanhamento com as famílias que possuem entre seus membros pessoas idosas

Ficha técnica

Município:
Irati
Instituição Responsável:
Departamento da Política da Pessoa Idosa
Coordenação da experiência:
Denis Cezar Musial
Email da coordenação:
gestaoirati@gmail.com
Telefone institucional:
(42) 3907-3104
Esfera da experiência:
Grupo B - Municípios
Categoria da experiência:
Promoção de atividades intersetoriais que beneficiem pessoas idosas por meio da integração do setor Saúde com: Assistência Social, Direitos Humanos, Educação, Transporte, Ministério Público, dentre outros)
Parceiros:
Universidade Centro Oeste do Paraná
Fotos:
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Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
Telefone: (61) 3315-6226
idoso@saude.gov.br