Introdução Visando minimizar ou impedir a transmissão da COVID-19, foi priorizado o distanciamento social, regras de higiene, bem como o uso adequado de máscaras e Equipamentos de Proteção Individual, sendo a educação em saúde fundamental para este processo. Além do grupo de pessoas com comorbidades, os idosos foram enquadrados como público vulnerável às manifestações clínicas mais graves da COVID-19, o que os caracteriza como grupo de risco para a doença. Isso se justifica por esses indivíduos representarem um percentual da população com maior prevalência às doenças cardiovasculares, respiratórias, doenças crônicas, obesidade, câncer, diabetes, dentre outros.
Somado a isso, tem a questão da vulnerabilidade social, na qual muitos idosos desconhecem os impactos que essa doença pode lhes causar, seja pela falta de informação ou, até mesmo, pelas condições socioeconômicas e de moradia. Assim, idosos que habitualmente residem sozinhos, tendem a se encontrarem em situações desfavoráveis de apoio social, sobretudo no que diz respeito à assistência à saúde. Para mais, é um público cujo acesso à informação é diretamente proporcional ao tipo de núcleo familiar ao qual ele esteja inserido, ou seja, quanto maior a instrução familiar, maior será o acesso à informação e conhecimento acerca das medidas de biossegurança contra o coronavírus. Essa falta de assistência foi diretamente relacionada a uma maior hospitalização dos idosos em comparação às demais faixas etárias.
Nesse contexto, durante a pandemia da COVID-19, alguns profissionais de saúde fizeram uso de ferramentas de tecnologia para promover maior assistência à saúde das pessoas, sobretudo daqueles pertencentes ao grupo de risco. Estudos têm mostrado os benefícios do uso dessas ferramentas de telemonitoramento a pacientes em situações de moradia com difícil acesso, bem como àqueles menos favorecidos de assistência médica, os quais possibilitaram um maior acesso à informação, promoção e prevenção à saúde da população em geral.
Em razão disso, e diante da relevância de se evitar a exposição ao coronavírus, fez-se uma ação de extensão que integrou Instituições de Ensino Superior com o Sistema Único de Saúde - SUS, foi pensada de modo a utilizar as tecnologias de informação para uma ação que pudesse impactar positivamente na saúde e segurança da pessoa idosa do município de Natal, Rio Grande do Norte. Nesse sentido, através de contatos telefônicos, foi realizado o monitoramento de idosos usuários das Unidades básicas de saúde, no que se refere ao seu estado de saúde geral, além de orientações acerca dos autocuidados e prevenção da COVID.
As demandas de assistência médica desses idosos eram imediatamente encaminhadas às equipes de saúde das suas respectivas unidades e uma resposta rápida era obtida. Dessa forma, evitava-se a ida desnecessária dessa população aos serviços de saúde. Importante ressaltar que esse projeto só foi possível graças a parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e demais universidades de ensino superior (UNP, UNIFACEX, dentre outras) que disponibilizaram seus alunos para realizarem o serviço de televigilância, e as equipes de saúde da rede básica da Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN.
Objetivos Monitorar, através da Televigilância, a pessoa idosa na Atenção Primária à Saúde durante a pandemia da COVID-19 município de Natal/RN.
Objetivos específicos:
Verificar o perfil biopsicossocial dos idosos adscritos às unidades de saúde do Município de Natal-RN e acompanhados pelo projeto “Prevenção da COVID-19: a televigilância dos idosos na atenção primária em saúde”.
Avaliar as principais demandas dos idosos monitorados pelo serviço de televigilância durante a pandemia de COVID-19;
Analisar as respostas das equipes de saúde diante das necessidades dos idosos monitorados pelo serviço de televigilância;
Avaliar a satisfação dos idosos, televigilantes, preceptores e tutores sobre o serviço de televigilância.
Público alvo Idosos em situação de vulnerabilidade, adscritos às Unidades de Saúde da Família.
Divulgação Através de redes sociais, como o Instagram (https://www.instagram.com/televigilanciadosidosos/); nas redes sociais e sites das instituições de ensino superior de Natal-RN; sites de notícias da UFRN; e nos distritos sanitários através de reuniões com gesto
Número de participantes 1348
Atividades Durante a pandemia da COVID-19, especialmente no que se refere aos indivíduos do grupo de risco da doença, tais como idosos, a telessaúde pode fornecer subsídios para um adequado monitoramento de saúde e cuidados de rotina, sem o risco de exposição em hospitais, clínicas e estabelecimentos diversos de saúde potencialmente congestionados. Diante desse cenário pandêmico, além da necessidade de monitorar a saúde de grupos mais suscetíveis à doença, a superlotação dos sistemas de saúde tem sobrecarregado os profissionais de saúde. Nesse contexto, iniciativas que atuem visando auxiliar o trabalho dos profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS) são importantes e a integração ensino-serviço entre universidades públicas e o Sistema Único de Saúde (SUS) assume relevância na materialização das mesmas. Portanto, em abril de 2020 teve início o projeto “Prevenção da COVID-19: a Televigilância dos idosos na atenção primária em saúde”, uma parceria da UFRN, SMS de Natal e universidades privadas. Teve como objetivo o monitoramento e vigilância das pessoas idosas através do sistema remoto. Os idosos foram classificados quanto a sua vulnerabilidade, escala epidemiológica e risco para COVID-19. O projeto contou com alunos, os televigilantes; professores e profissionais de saúde. Como principais resultados, verificou-se que a maior parte dos idosos era do sexo feminino (63,65%), com média de 70 anos, morava acompanhado (81,82%), esteve assintomática (77,0%), possuía comorbidades (81,45%) e dependia de medicações de uso contínuo (81,90%). Os sintomáticos diminuíram ao longo dos três momentos avaliados e menos de 1% foi a óbito. A televigilância contribuiu com a longitudinalidade do cuidado, propiciando a busca ativa contínua de idosos sintomáticos e fortalecendo as atividades das Unidades de Saúde.
Resultados Na presente experiência, a maioria dos idosos não apresentavam sintomas e, mesmo os que referiram alguma sintomatologia, não obtiveram acesso à testagem para confirmação da COVID-19. No entanto, havia uma forte possibilidade desses idosos sintomáticos possuírem a doença, tendo em vista o momento de pandemia que nos encontrávamos. A ausência de testagem foi uma constante no período inicial da pandemia e esta foi uma grande limitação.
No que se refere ao comportamento dos idosos, foi observado que os cuidados preventivos adotados protegeram-os de desenvolverem sintomatologia gripal. Ficaram menos vulneráveis aqueles que relataram não sair de casa durante a pandemia e que não receberam visitas em suas residências. Já os que conviveram com familiares sintomáticos estiveram mais susceptíveis a desenvolverem a sintomatologia da COVID-19.
Grande parte da população avaliada apresentava vulnerabilidade financeira ou alimentar e, muito provavelmente, por causa dessa situação, a maioria dos familiares (90%) precisaram sair para o trabalho. Nesse contexto social, a constatação de que poucos idosos moravam sozinhos, apenas 18,18%, é compreensível a associação entre a convivência com sintomáticos em casa e a sintomatologia em idosos.