INTRODUÇÃO
No início do ano de 2012, o setor de Serviço Social da Policlínica Regional do Largo da Batalha, partindo da percepção de uma demanda frequente em seus atendimentos, identificou que eram recorrentes solicitações de atendimento médico em domicílio para idosos com dificuldade/impossibilidade de comparecimento à unidade de saúde para atendimento médico.
Anos antes, por iniciativa de alguns funcionários do ambulatório da policlínica, era prestado atendimento em domicílio a alguns idosos, mas este não constituíra um serviço estruturado. Com a saída de alguns funcionários da policlínica, em busca de novos desafios profissionais, o trabalho foi descontinuado pela ocorrência do desmembramento da equipe. Por volta do ano de 2009, foram realizados os últimos atendimentos, ficando após esta data os usuários deste serviço sem atendimento em domicílio. Outras soluções foram dadas, como o oferecimento do uso da ambulância da unidade para transportar os idosos para a consulta na unidade de saúde, e posterior retorno à residência, mas devido à condição física comprometida de vários usuários, muitas vezes esta solução não atendia às necessidades dos mesmos.
Iniciou-se então um processo de identificação da demanda reprimida, por meio do levantamento dos casos apresentados ao setor de Serviço Social, somando a estes os idosos cujos exames laboratoriais eram colhidos em domicílio pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Região Oceânica (vinculado à PRLB), e alguns registros de idosos atendidos em domicílio anos antes. Em fevereiro de 2012, foram identificados 70(setenta) idosos acamados ou com extrema dificuldade de locomoção, sem acompanhamento médico, encaminhando-se esta listagem à direção da PRLB por meio da Comunicação Interna (CI) nº 228/2012.
No início do ano de 2013, a CI foi reapresentada pelo Serviço Social aos novos gestores da PRLB, que assumiram a direção da unidade de saúde naquele período imediatamente posterior à posse do novo prefeito eleito em outubro de 2012, e que deram início às ações de criação de um Serviço de Atendimento Domiciliar aos Idosos (SADI) acamados, residentes na área de abrangência da unidade da policlínica.
As atividades do SADI então foram iniciadas, em um momento político municipal favorável, partindo apenas de uma proposta de trabalho multidisciplinar, de atendimento aos idosos listados. Tratava-se de uma iniciativa pioneira, visto que o atendimento domiciliar era compreendido como uma rotina apenas nas unidades do Programa Médico de Família (PMF), este último implementado em Niterói desde 1992. No município, além dos postos do PMF, não havia serviço dedicado especialmente ao atendimento domiciliar, daí o caráter pioneiro do SADI/PRLB.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
_ Implantar e sistematizar o atendimento domiciliar ao idoso (pessoa com 60 anos ou mais de idade) acamado ou domiciliado, residente na área de abrangência da Policlínica Regional do Largo da Batalha.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
_ Planejar e implantar as ações de rotina de trabalho da equipe;
_ Prestar atendimento especializado e humanizado em saúde ao idoso;
_ Desenvolver um trabalho multidisciplinar, em que o idoso receba atendimento em domicílio de profissionais de diferentes áreas;
_ Realizar um gerenciamento efetivo da saúde do idoso visando à prevenção de agravos através de intervenções precoces sobre situações de risco que possam comprometer a saúde e a capacidade do idoso.
¬_ Promover a saúde dos idosos que apresentem dificuldades no acesso físico ao atendimento ambulatorial na unidade de saúde;
PÚBLICO-ALVO
Homens e mulheres com 60 anos de idade ou mais, com restrições de acesso ao serviço de ambulatório, considerando questões relacionadas a distúrbios de marcha e equilíbrio, restritos ao leito ou ao domicílio.
DIVULGAÇÃO
Por meio de informações prestadas à população em geral pelo Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) da PRLB; a participação dos integrantes da equipe SADI em eventos e reuniões internas e externas, e divulgação dos profissionais do ambulatório e do SPA.
ATIVIDADES
A demanda por atendimento domiciliar é apresentada à equipe por várias formas: por demanda espontânea (familiares dos idosos vão até a policlínica solicitar o atendimento do idoso em domicílio), por encaminhamentos de outros setores da unidade de saúde (ambulatório ou serviço de pronto atendimento), por encaminhamentos externos (outras unidades de saúde, Centros de Referência da Assistência Social, Centros de Referência Especializados da Assistência Social, etc.); por ofícios do Ministério Público ou processos administrativos oriundos da Fundação Municipal de Saúde. Esta demanda é recebida por qualquer profissional da equipe, mas geralmente é apresentada à médica geriatra em atendimento em sala da PRLB, visto que é a única profissional da equipe que possui um turno de atendimento no espaço da unidade de saúde. Este turno também é voltado para o atendimento a familiares e cuidadores dos idosos já acompanhados pelo serviço, para avaliação de resultados de exames, repetições de prescrições, elaboração de documentos necessários para os idosos, e outras atividades possíveis de serem feitas na unidade. A médica geriatra trabalha mais dois turnos semanais, em que realiza os atendimentos aos idosos em domicílio. Os demais profissionais da equipe trabalham quatro turnos por semana, integralmente realizando visitas domiciliares. A equipe se reúne na sala destinada a este fim na policlínica, organiza a agenda de visitas do dia, retira os prontuários dos pacientes do SAME (Serviço de Arquivo Médico) da unidade de saúde, onde ficam guardados, e em seguida inicia a rotina de atendimentos em domicílio. A mesma sala da unidade de saúde é utilizada para as reuniões de equipe, onde são discutidos casos e os processos de trabalho. Em campo, o motorista conduz a equipe pelos endereços apontados pela mesma, em que os profissionais vão se distribuindo de acordo com a agenda de visitas de cada um. Há a preferência por realizar visitas em duplas de profissionais, mas nem sempre é possível, diante da demanda de trabalho. As solicitações de visita são registradas em pasta na unidade de saúde, sendo realizada em seguida uma visita de triagem, em que a médica geriatra e a assistente social realizam a avaliação do idoso, considerando aspectos físicos e socioambientais. Sendo o resultado da avaliação favorável ao acompanhamento do idoso pelo serviço, os demais profissionais também realizam as suas respectivas avaliações, traçando cada qual a sua contribuição para o plano de cuidados ao idoso. No domicílio, os profissionais buscam identificar a pessoa que será a responsável pelo idoso, quando possível, sendo esta pessoa de extrema importância para as trocas com a equipe. Todo mês todos os idosos recebem visitas de mais de um profissional, mantendo uma proximidade entre a equipe, os idosos e os familiares. As visitas não são agendadas previamente, mas as famílias recebem, a cada visita, uma previsão aproximada do retorno da equipe, feita de acordo com a necessidade específica do idoso. Por conta da característica dinâmica do trabalho da equipe, e dos contratempos freqüentes, relacionados à disponibilidade de veículo ou a ocorrências de violência nas localidades visitadas, a agenda de visitas é organizada no mesmo dia, ou com um dia de antecedência, dando prioridade para os idosos que sofreram intercorrências, aqueles que estão há mais tempo sem atendimento, e às novas solicitações. Os familiares e cuidadores são orientados a buscar o atendimento da médica do SADI na unidade de saúde diante de situações adversas, a fim de agilizar o retorno em domicílio. Exames laboratoriais são colhidos pela equipe, e levados ao laboratório regional, localizado no interior da policlínica. Outros exames são agendados pela família na policlínica, com prioridade por serem pacientes do SADI. Importante registrar que a equipe utiliza como recurso tecnológico, para comunicação interna, o aplicativo WhatsApp, onde são trocadas informações durante as visitas domiciliares, principalmente quando a equipe está distribuída em domicílios diferentes.
EQUIPE
A experiência foi iniciada com uma equipe formada por quatro profissionais: 01 (uma) assistente social, 01 (uma) médica geriatra, 01 (uma) enfermeira, e 01 (um) motorista. No final do primeiro ano de trabalho, haviam sido incorporados três novos profissionais: 01 (uma) psicóloga, 01 (uma) fonoaudióloga e 01 (uma) agente comunitária; chegando a sete membros participantes da equipe. No ano seguinte (2015), foram incorporados mais dois profissionais: 01 (uma) fisioterapeuta e 01 (uma) técnica de Enfermagem. No entanto, em 2016, houve duas baixas: saíram da equipe a fisioterapeuta e a psicóloga, não havendo reposição destes profissionais. Desde então, até julho de 2017, a equipe permaneceu formada por sete membros: 01 (uma) agente comunitária, 01 (uma) assistente social, 01 (uma) enfermeira, 01 (uma) fonoaudióloga, 01 (uma) médica geriatra, 01 (um) motorista e 01 (um) técnico de Enfermagem. Inicialmente, não foi constituído o cargo de coordenação da equipe. Por sua vez, esta equipe adotou o processo de gestão compartilhada entre os profissionais, em que cada profissional geria o seu próprio processo de trabalho, em sua respectiva disciplina, e por meio de reuniões periódicas, eram realizadas discussões de casos e alinhamento de condutas. Com o desenvolver da experiência, a demanda por um profissional que coordenasse o trabalho foi surgindo, sendo decidido pela equipe que a assistente social assumiria informalmente este papel. Sendo assim, a assistente social passou a conduzir as reuniões e a gestão do serviço, assim como também permaneceu realizando o acompanhamento social dos idosos e suas famílias. A enfermeira atua na promoção da saúde e na prevenção dos agravos à saúde dos idosos, assim como detecta prioridades de atendimento médico, buscando evitar internações, através da análise de sinais e sintomas de alarme, além de outras atividades pertinentes à sua competência. O técnico de Enfermagem atua em conjunto com a enfermeira, realizando procedimentos nos domicílios dos idosos, como coleta de material biológico para realização de exames laboratoriais, aplicação de vacinas, aferição de pressão arterial, monitoramento glicêmico, curativos e outras atividades. A fonoaudióloga realiza a avaliação fonoaudiológica de todos os idosos que iniciam o atendimento pelo SADI, assim como permanece acompanhando regularmente aqueles que apresentam esta demanda. A agente comunitária atua no acompanhamento da equipe pelo território onde residem os idosos acompanhados, assim como realiza interlocuções com organizações de moradores e outros órgãos/entidades/poderes presentes na área de realização das visitas. A médica geriatra tem a função de avaliar o idoso e seu quadro clínico, identificando as possíveis síndromes geriátricas e doenças crônicas, e os critérios de elegibilidade para o atendimento no domicílio, em conjunto com a equipe. Classifica o grau de dependência funcional, com enfoque na dificuldade de mobilidade e transferências, identificando e orientando sobre o papel de cuidadores e da família, entre outras atividades relacionadas ao diagnóstico e tratamento dos idosos acompanhados. O motorista conduz o veículo utilizado para a realização das visitas domiciliares aos idosos atendidos.
EQUIPAMENTO
01 veículo para realização das visitas domiciliares (origem: Fundação Municipal de Saúde de Niterói); 01 sala na unidade de saúde; 01 armário para guardar os materiais de uso da equipe (origem: Administração da PRLB); 01 quadro de avisos para troca de informações pela equipe (origem: Almoxarifado da PRLB); materiais de uso da Enfermagem (01 estetoscópio, 01 glicosímetro, 01 esfigmanômetro, 01 oxímetro de pulso, 01 balança, 01 termômetro / origem: próprios do profissional); materiais de uso da médica (01 estetoscópio, 01 esfigmanômetro, 01 oxímetro de pulso, 01 termômetro, 01 lanterna/ origem: próprios do profissional); materiais para curativo (origem: Almoxarifado da PRLB).
RESULTADOS
A partir do início das atividades do SADI/PRLB, os idosos acamados e/ou domiciliados, residentes na área de abrangência da policlínica, passaram a contar com o atendimento multidisciplinar em saúde, no domicílio. A demanda, antes reprimida, passou a receber especial atenção da unidade de saúde, tanto com a realização das visitas domiciliares, quanto com a priorização de exames e consultas com especialistas. Idosos que estavam há anos sem consulta médica, porque não conseguiam acessar o atendimento no espaço da policlínica, passaram a ser acompanhados pelos profissionais em casa. O processo de implantação do serviço não se preocupou apenas em iniciar as atividades, mas de organizar as rotinas, sistematizando a prática, com vistas a prestar um atendimento de qualidade aos idosos e seus familiares. Não é possível precisar os números sobre a diminuição de quedas e de internações (por não haver um número anterior à implantação do serviço para efetuar a comparação), mas é possível afirmar que, empiricamente, se observa a redução destas duas situações.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
Telefone: (61) 3315-6226
idoso@saude.gov.br