TÍTULO COMPLETO: Grupo de trabalho voltado ao combate e prevenção à violência vivenciada por idosos indígenas
INTRODUÇÃO
A criação do GT, deu-se a partir da necessidade de articular efetivamente os casos registrados na Ficha de Notificação/Sistema de Informação de Agravos de Notificação/SINAN, onde as ocorrências eram assistidas somente pelas Equipes de Saúde Indígena nas respectivas Aldeias, onde foi percebida a precisão de ampliar o redirecionamento e encaminhamento para outras esferas de cuidados, garantindo o direito do indivíduo de contemplar as ações de proteção social ao idoso de forma igualitária. Visto que a saúde integral do indivíduo não se limita somente ao sistema de saúde isoladamente, mas considera-se as particularidades de cada caso e cultura, e demanda-se incorporar os cuidados de diferentes instituições, utilizando-se aquela (s) adequada (s) para cada situação, com apoio das lideranças indígenas e CONDISI.
OBJETIVOS
O que se espera do Grupo de Trabalho é que todos os envolvidos trabalhem em prol da garantia de direitos aos idosos, dando subsídio para a promoção de saúde e prevenção na construção da rede de apoio e de proteção assistencial. Pontuando que muitos casos exigem cuidados diferenciados, qualificando a atenção, fortalecendo o engajamento institucional, sem que trabalhemos de forma isolada, mas integrando os saberes e possibilidades, onde entende-se que todos são responsáveis por desenvolver ações efetivas, com isso, as atividades são planejadas e articuladas conforme a demanda.
O discurso coletivo do GT é que o engajamento individual, institucional, e, sobretudo, profissional possa desenvolver possibilidades de avanço no combate às situações de violências/negligência/abandono ao idoso, buscando uma metodologia de orientação com embasamento antropológico, associando sempre a concepção e análise de respeito e valorização a cultura tradicional indígena, objetivando o trabalho de proteção, monitoramento e garantindo de cuidados humanizados.
ATIVIDADES
O primeiro passo foi realizar um levantamento das instituições com representação do Estado, Município e Sociedade Civil das aldeias indígenas. Os norteadores dos encontros são os profissionais do DSEI-ARS/AM, representantes da FUNAI, indígenas e não- indígenas, visto que as duas instituições trabalham diretamente com a garantia de direitos ao indígena, cada uma em suas especificidades. Com isso, associamos o suporte de assistência social.
As reuniões ocorrem mensalmente para tratarmos de casos de registro de Notificações/SINAN de violências diversas, assim como estudar o calendário de eventos de Saúde, para que juntos, possamos oferecer palestras de prevenção, promoção e orientação de cuidados à saúde física, psíquica e social do idoso, bem como o importante papel da família no processo do cuidado. Promovendo a autonomia da comunidade, atrelada ao direcionamento do conhecimento de seus direitos e deveres.
A equipe formada por profissionais inseridos no GT, realizam atendimento semanal às aldeias que tem acesso terrestre, já as comunidades que se tem acesso somente por transporte fluvial, a entrada é realizada mensalmente. Obviamente que casos que dependem de intervenção de modo emergencial, articulamos a entrada na Aldeia emergencialmente. Os profissionais que compõem essa rede têm formação em assistência social, psicologia e antropologia, com suporte dos profissionais indígenas do quadro da FUNAI, DSEI-ARS/AM e CONDISI.
Se verificado que o caso necessita ser assistido por algum órgão que não faz parte atualmente do GT, demandamos para as instituições que podem oferecer suporte adequado, tais como: hospitais, instituições de segurança pública, Ministério Público, etc. Um dos objetivos é ampliar a qualidade dos serviços e instituições participantes, com ênfase no planejamento e monitoramento mensal das ações coletivas e atendimentos individuais.
Entendendo que o agente de saúde indígena é um dos principais pilares e porta de entrada na rede de comunicação e cuidado, a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena realizou uma qualificação aos AIS’s para que possam ter recursos para identificar os casos de violências, negligência e abandono aos idosos, assim como os fatores que permeiam o processo de envelhecimento. Estimulando a importância da medicina tradicional indígena e promover atividades de Educação em Saúde com temas voltados aos cuidados dos idosos e combate aos diferentes tipos de violências. Esse trabalho proporcionou maior confiança a estes profissionais.
Atualmente o GT é composto de representantes do CRAS, CREAS, Conselho Tutelar e representantes indígenas do quadro de funcionários do DSEI-ARS/AM e FUNAI, que estudam mensalmente os casos, formas de intervir e oferecer suporte, bem como o processo de articulação de entrada nas aldeias.
EQUIPE
11 pessoas representantes das suas respectivas instituições, (CRAS, CREAS, FUNAI, SESAI e Conselho Tutelar) assim como os interpretes e representantes indígenas do CONDISI, dependendo do caso a ser atendido.
EQUIPAMENTOS E RECURSOS
Os recursos materiais mais usados e dificultosos são os transportes. O carro, o barco e o combustível que são articulados pelos representantes das instituições, em cada entrada, uma se disponibiliza a somar com o barco, a outra instituição com o combustível, a outra com o motorista e assim sucessivamente. Não há ainda custo estimado, pois contamos com a boa vontade e engajamento participativo de cada órgão, visto que as entradas nas Aldeias indígenas são realizadas muitas vezes em viagens de barco que duram até 6 horas ida e volta, dependendo da potência do motor.
As ações são realizadas de forma intra e intersetorial, todas instituições (CRAS, CREAS, FUNAI, DSEI) participam ativamente com os recursos humanos para que o trabalho possa ser desenvolvido pelo GT. O DSEI-ARS/AM dispõem também do transporte fluvial e combustível, visto que as outras instituições não detêm deste respectivo instrumento.
Já nas Aldeias próximas ao Município, o carro e combustível é disponibilizado pela FUNAI.
RESULTADOS
Os idosos passaram a perceber que são detentores de direitos. Que a negligência e o abandono ao idoso são fatores determinantes no processo de adoecimento, portanto, as violências físicas, psíquicas e sociais não podem ser entendidas como algo ‘natural’. O GT prima pela orientação familiar coletiva e individual. Garantindo o suporte de saúde e proteção social, com representantes que prezam pelos valores e formas de organização indígena e suas especificidades.
Após alguns casos norteadores, a qualificação e empoderando dos AIS’s no seu papel como elo fundamental, é uma das repostas mais positivas, onde é perceptível que a informação é repassada com mais confiança, especialmente na certeza que os cuidados ofertados aos vitimizados dar-se-ão a partir da garantia de humanização e suporte integrado, fazendo com que o idoso seja amparado de forma mais rápida e efetiva, pois os agentes percebem que a violência e o abandono podem desencadear um processo de adoecimento de forma acelerada.
Atualmente, temos recebido idosos no posto de saúde que pedem apoio para outros idosos em situação de risco, o que nos responde que o trabalho tem sido útil as comunidades indígenas, buscam atendimento espontaneamente.
Obviamente que no histórico existem situações irreversíveis no quadro de saúde e, muitas vezes, disposição da família, mas que nos servem de embasamento para seguirmos com a certeza que a muito a ser feito ao idoso indígena vitimado pelo abandono, negligência e violência. Que o quadro patológico pode não ser reversível, mas que o cuidado integral será ofertado com a certeza da garantia de direitos.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
Telefone: (61) 3315-6226
idoso@saude.gov.br