O que motivou a realização dessa experiência?:
O envelhecimento populacional no Brasil é fato notório. Esta transição demográfica implica numa transição epidemiológica onde as condições crônicas, degenerativas ganham impacto frente às doenças transmissíveis, demandando mudança de paradigma: aos conhecimentos oriundos da biomedicina, agregam-se aqueles da promoção de saúde, prevenção de doenças, da reabilitação, do cuidado centrado na pessoa, do planejamento e execução de ações de saúde prioritárias para a população (Newell et al 2004).
Pesquisando percepções de médicos na Atenção Primária a Saúde (APS), Adams e cols (2002) identificaram diversas dificuldades práticas, classificando-as em 3 eixos: a) as decorrentes da complexidade clínica e da vulnerabilidade física dos idosos aos eventos adversos; b) os desafios pessoais e interpessoais da relação (barreiras de comunicação, questões éticas, falta de tempo); c) os problemas administrativos como a precariedade do sistema de saúde e de seguridade social, o tempo necessário ao atendimento, e recursos comunitários e treinamento dos profissionais insuficientes. Estes resultados reiteram as múltiplas dimensões envolvidas na atenção ao idoso e indicam competências centrais para os profissionais de saúde, em especial o médico.
A educação continuada e permanente dos profissionais que já atuam, principalmente na Atenção Primária à Saúde, precisa ser garantida, assim como o matriciamento das equipes e suporte por equipes especializadas para os idosos com alta dependência e em cuidados paliativos que ficam sob seus cuidados. Estas ações de facilitador são descritas nas EPAs para a formação do especialista em Geriatria (Leipzig, 2014) e contribuem para o cuidado ao idoso na comunidade como proposto na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006).
O que se esperava modificar ou realizar através da iniciativa?:
_ mapear idosos em situação de vulnerabilidade e fragilidade
- identificar as demandas destes idosos e suas famílias
- facilitar o trabalho de integração das equipes da ESF com a unidade especializada
- Envolver os residentes de geriatria neste processo desenvolvendo as competências para articular o cuidado com a rede, identificar a rede disponível na construção de um plano terapêutico
- capacitar os médicos e residentes da ESF no cuidado de idosos com casos complexos, na avaliação geriátrica multidimensional, seus instrumentos e interpretação buscando um plano terapêutico singular a partir das demandas identificadas
- criar indicadores de vulnerabilidade e fragilidade que possam ser utilizados na avaliação dos territórios e no monitoramento do trabalho da APS
- organizar junto às equipes o processo de atenção domiciliar de acordo com as demandas identificadas a fim de garantir a atenção longitudinal
- identificar pacientes que se beneficiariam de um trabalho de cogestão do cuidado
Descreva as metas para o desenvolvimento da experiência (de 1 a 4, no maximo):
identificação dos idosos em situação de risco
capacitar as equipes através do matriciamento
configurar um rede de cogestão entre a ESF e a unidade especializada
capacitar os residentes nas ações de matriciamento
Qual o perfil dos idosos envolvidos nessa experiência?:
Todos os idosos cadastrados na CFRT com especial atenção aos restritos ao domicílio ou em situação de risco identificada pelo questionário PRISMA 7.
De que forma a experiência foi divulgada ao público?:
Foi apresentada em reuniões da SMSDC, e em congresso da área de educação
Onde foi desenvolvida?:
Esta é uma experiência piloto desenvolvida pelo programa de residência médica em geriatria (PRMG) e multiprofissional em saúde do idoso da UERJ (PRMPSI) e a coordenação da área programática 2.2 da SMSDC do RJ. Ela se inicia na unidade da Clinica da Família Recanto do Trovador que corresponde a uma unidade com 3 equipes existente na área de abrangência da unidade especializada.
Como os idosos foram selecionados para participar?:
todos os cadastrados na unidade poderiam ser avaliados
Quantos idosos participaram da experiência, por ano de atividade?:
Em 2016 iniciamos a identificação de risco com o Prisma 7 através dos agentes comunitários de saúde. Foram avaliados 443 idosos nas 4 equipes da unidade. Destes 158 foram avaliados pela equipe de geriatria, sendo alguns mais de uma vez. Foram identificados 106 idosos restritos ao domicílio.
Em 2017 foram avaliados 38, em 2018 foram 94, em 2019 avaliamos 26 entre consultas na unidade e atendimentos domiciliares.
Qual o principal motivo da saída dos idosos nas atividades da experência? Porque deixaram de participar?:
Não aderência ao programa de atenção proposto.