O número de casos de HIV/AIDS no estado do Rio Grande do Sul vem crescendo em taxas preocupantes. Entre 2001 e 2010, o total de casos passou de cerca de 100 por ano para quase 300, o que, na visão da Secretaria Estadual de Saúde (SES), confere características particulares a essa epidemia. “E provavelmente devido a hábitos culturais bem específicos”, observa a assistente social e membro do Colegiado de Saúde do Idoso do estado, Priscila Lunardelli. “Primeiro, a epidemia se ‘feminilizou’, atingindo um número importante de mulheres. Depois, acometeu progressivamente as pessoas idosas”, descreve. O RS tem cerca de 1,5 milhões de pessoas com 60 anos ou mais.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Rio Grande do Sul é, pelo oitavo ano consecutivo, o estado com os maiores índices de casos de AIDS no país, com 41,3 novos casos para cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro da taxa nacional (20,4). "Como o estado tem cerca de 1,5 milhão de pessoas idosas e uma extensa fronteira seca com a Argentina e o Uruguai, é fácil transitar de um país para o outro, acessar trabalhadores(as) do sexo e consumir drogas injetáveis”, observa Priscila.
Para abordar o problema, desde fevereiro de 2014 a SES prioriza a difusão de informações entre profissionais de saúde e grupos de idosos nos 17 municípios em que a incidência da epidemia é maior. Foi levado em conta que 75% das pessoas idosas utilizam o Sistema Único de Saúde (SUS) e que a AIDS é uma doença de notificação compulsória. É nestes municípios, também, que a Secretaria está difundindo a checagem rápida, através de suas equipes de grupos educativos e de médicos, dentistas, assistentes sociais e psicólogos. “Nosso objetivo é parar o aumento anual do número de novos casos, em um patamar que fique entre 250 a 300 casos. Nesse sentido, vamos manter a campanha no Carnaval de 2015 e, durante o ano, ampliá-la a todos os 497 municípios”, completa Priscila.
As ações estratégicas envolveram: 1) educação em saúde (campanha, folder informativo e orientações gerais; e 2) ações de promoção da saúde (para sensibilizar os profissionais da rede para a adoção de ações de prevenção de DST/AIDS entre idosos e idosas). A discussão foi fomentada nos territórios através do incentivo a abordagens utilizando poesias, ensaios fotográficos, filme (Fred e Elza) e estímulo ao uso de insumos (material de campanha, camisinha feminina, camisinha masculina e gel lubrificante). Além disso, foi disponibilizado espaço para realização de cursos e esclarecimento de dúvidas com profissional sexóloga através do dispositivo TelessaúdeRS (página da WEB).
“A informação e a abordagem direta é a melhor forma de enfrentar a AIDS, mesmo com os mais velhos, que têm dificuldade de falar sobre seus hábitos sexuais.”
Priscila Lunardelli
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
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