O aumento da expectativa de vida e da prevalência de doenças crônico-degenerativas tem exigido o aumento crescente de leitos hospitalares para atender a população idosa, mas por outro lado, políticas de desospitalização e humanização do cuidado estimulam o cuidado no domicílio (RATES, 2007). No mundo contemporâneo, o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) tem se tornado uma modalidade de assistência à saúde vinculada à proposta do Sistema Único de Saúde, que encontra-se em processo de consolidação no Brasil. No entanto não vem para substituir a internação hospitalar, mas sim como um recurso na tentativa de humanizar e garantir maior qualidade e conforto ao paciente e seus familiares. O cuidado domiciliar apresenta-se como alternativa onde o destaque para a melhor assistência ao paciente é ser tratado em seu “habitat natural”. Assim a família não precisa se locomover, o que diminui os gastos. Para os hospitais, o benefício está na maior rotatividade dos leitos, o que amplia investimentos em melhorias na assistência e tecnologia. Por fim, a atenção domiciliar proporciona uma maior integração da equipe multiprofissional com o paciente e sua família.
O SAD de Goiânia teve seu início há 11 anos na Secretaria Municipal de Saúde como Programa de Atenção Integral (PAI), porém não estava vinculado a nenhuma coordenação. Nesse período havia duas equipes multiprofissionais para atender todo o município de Goiânia. O Ministério da Saúde, através da Portaria 2.029 de 24 de agosto de 2011, instituiu a Atenção Domiciliar no âmbito do SUS, vinculando esse serviço à Rede de Urgência. Em 2013, o então SAD de Goiânia foi vinculado à Coordenação da Estratégia Saúde da Família (COESF) e atualmente é regido pela Portaria MS nº 963 de 27 de maio de 2013. Este serviço conta com quatro equipes multiprofissionais de atenção domiciliar (EMAD) e duas equipes multiprofissionais de apoio (EMAP). Nossa experiência reporta-se às equipes EMAD e EMAP do CAIS Chácara do Governador, unidade vinculada ao Distrito Sanitário Leste (DSL) da capital. A EMAD é composta por um médico, um enfermeiro, três técnicos de enfermagem e um fisioterapeuta. A EMAP é constituída por um assistente social, um fonoaudiólogo, um psicólogo e um fisioterapeuta. No período de abril de 2012 a julho de 2013, o SAD/DSL/Cais Chácara do Governador prestou assistência a 67 pacientes, sendo 49 idosos com idade acima de 60 anos. Foram realizadas visitas domiciliares para atendimento dos idosos e seus cuidadores, bem como realização de diversos procedimentos pela equipe multiprofissional.
Nesse primeiro ano de implantação do SAD/DSL/Cais Chácara do Governador diferentes atividades foram desenvolvidas pelos profissionais da EMAD e EMAP:
1) VISITA INICIAL PARA DEFINIÇÃO DO PERFIL DE ATENDIMENTO: foram realizadas visitas domiciliares, após solicitação formal via SMS, pelos profissionais médico, enfermeiro e assistente social para avaliação do paciente e verificação dos critérios de admissão no programa. Realizou-se a caracterização dos pacientes, e nesse primeiro ano 67 possuíam perfil para o atendimento domiciliar, sendo que destes 49 eram idosos com idade superior a 60 anos.
2) DISCUSSÃO DOS CASOS CLÍNICOS: Após admitido no programa, o caso de cada paciente idoso foi discutido em equipe para levantamento de estratégias possíveis de avaliação e intervenção.
3) ASSISTÊNCIA MULTIDISCIPLINAR AOS IDOSOS: Após análise e discussão dos casos de cada idoso, as equipes EMAD e EMAP iniciaram as visitas domiciliares com freqüência semanal a esses idosos. O objetivo de se trabalhar com todos os profissionais era oferecer uma assistência integral ao indivíduo idoso de forma a contemplar todas as suas necessidades. Cada profissional direcionou seu atendimento a partir do que foi observado nas suas respectivas avaliações:
Medicina: buscava identificar as necessidades gerais de saúde do idoso e realizar o acompanhamento clínico;
Enfermagem: identificava as necessidades do indivíduo, realizando um conjunto de práticas no cuidado do idoso, com ênfase no tratamento de úlceras de pressão;
Serviço Social: buscava identificar as questões sociais vivenciadas pelos idosos, buscando junto à rede de apoio, alternativas para superar essas vulnerabilidades;
Fisioterapia: verificava a condição funcional do idoso, fatores de risco para quedas e detecção de suas incapacidades;
Fonoaudiologia: identificava as alterações na audição, linguagem e deglutição, com foco no tratamento dos distúrbios de deglutição apresentados pelos idosos;
Psicologia: buscava identificar a história do idoso e seu contexto, suas dificuldades e potencialidades para uma melhor compreensão do seu quadro emocional.
4) CAPACITAÇÃO DOS CUIDADORES: Foram realizadas visitas domiciliares com intervenções específicas junto aos cuidadores dos idosos envolvendo-os na realização dos cuidados, acolhendo as dúvidas, orientando e treinando-os em todas as atividades do cuidado, além de acompanhamento psicológico.
Foi observado neste primeiro ano de implantação do SAD que as visitas domiciliares da equipe multiprofissional possibilitaram uma abordagem mais humanizada e centrada nas necessidades dos indivíduos idosos, auxiliando também na prevenção de agravos e contribuindo para uma melhor qualidade de vida desses indivíduos e seus familiares.
Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
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