2017
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Nordeste
A Terapia Comunitária como ferramenta de cuidado da pessoa idosa

INTRODUÇÃO

De acordo com uma pesquisa realizada pela Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, o número de idosos (pessoas com mais de 60 anos) cresceu cerca de 55% de 2001 até 2011, e representou 12% da população em 2001, essa pesquisa baseou-se em dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), apontando o crescente número de idosos no Brasil.

É próximo a esse cenário que a Terapia Comunitária (TC) surge, desenvolvida a partir de 1987 na comunidade do Pirambu, uma das maiores favelas de Fortaleza – CE/Brasil, pelo Prof. Dr. Adalberto Barreto, docente do Curso de Medicina da Universidade Federal do Ceará, psiquiatra, teólogo e antropólogo, visando atender às necessidades de saúde de tal comunidade (BARRETO, 2008).

A TC hoje, no Brasil, é uma metodologia reconhecida como uma Prática Integrativa e uma estratégia de promoção da saúde e de prevenção do adoecimento, para os serviços da rede primária, recomendada pelo Ministério da Saúde. Ainda, como fruto dessa caminhada, as ações com a TC estenderam-se a vários países da Europa, África e América do Sul.

A motivação para a implementação da Terapia Comunitária no município de Princesa Isabel surgiu através da partilha da equipe em reuniões normativas mensais, em que fora percebido a necessidade de estimular a maior adesão da população idosa a frequentar de maneira mais assídua a Unidade Básica de Saúde, bem como melhorar o seu auto-cuidado físico e mentalmente. A equipe percebeu através de consultas médicas, da enfermagem e visitas domiciliares que o idoso geralmente estava só no domicílio ou comparecia sozinho às consultas na Unidade Básica de Saúde, enquanto alguns deles necessitavam de algum familiar ou acompanhante durante a consulta para melhor compreensão do tratamento e das orientações prescritas na ocasião. Outra queixa importante e frequente é a solidão, vivenciada por muitos deles devido a "síndrome" do ninho vazio , momento em que a maioria ou total dos filhos já saíram de casa e já possuem suas próprias vidas e seus próprios afazeres, dessa forma, é experimentado pelos pais o sentimento de vazio do lar, que é acompanhado, as vezes, por quadro de sofrimento psíquico e emocional.

OBJETIVOS

Implementar a Terapia Comunitária  como ferramenta complementar no cuidado da pessoa idosa e dos usuários da UBS do bairro do Cruzeiro, na cidade de Princesa Isabel - PB, visando promover uma evolução e melhora nos quadros de sofrimentos e angústias mentais, bem como promover o auto-cuidado dos idosos e incentivar a melhor adesão ao tratamento e orientações propostas pela equipe médica e de enfermagem. Estimular a construção da resiliência e empoderamento da população idosa e dos envolvidos.

PÚBLICO-ALVO

Mulheres e homens, a maioria são mulheres, o idoso é independente, mora geralmente sozinho (viúvas ou o cônjuge abandou ainda quando era jovem), portadores de insônia e depressão

DIVULGAÇÃO

Através das agentes comunitárias de saúde, nas consultas e nos demais eventos oferecidos pela Unidade Básica.

ATIVIDADES

As rodas de Terapia Comunitária podem ocorrer em qualquer espaço comunitário: igreja, sindicato, escola, pátio e salão de espera de posto ou centro de saúde, hospital, em outros espaços institucionais e, até mesmo, à sombra de uma árvore.

O espaço físico para realização das rodas deve ser pensado coletivamente com a própria comunidade para que haja, desde o início, um sentimento de coparticipação nos indivíduos durante os processos de tomada de decisões, mostrando aos membros da comunidade que a TC é um espaço de todos e para todos. Ao decidir local, data e horários, a roda de TC desenvolve-se em seis etapas básicas: acolhimento, escolha do tema, contextualização, problematização, rituais de agregação e conotação positiva e avaliação.

PRIMEIRO PASSO: O Acolhimento: O acolhimento é um momento dirigido por um co-terapeuta ou terapeuta que tem por função ambientar o grupo, deixando o espaço confortável para o desenrolar da dinâmica da roda. O grupo é acomodado de forma circular, permitindo que todos possam se ver diretamente e sem que haja, na forma de se agruparem, alguma espécie de hierarquia, deixando-os perceber que todos têm o mesmo espaço e a mesma representatividade. É nesse momento que os participantes são estimulados a lembrarem de músicas conhecidas numa tentativa de quebrar as tensões iniciais, e são orientados a respeito das regras da TC.

SEGUNDO PASSO: Escolha do tema: nesse momento, estimulados pelo terapeuta, após “quebrar o gelo” inicial, os participantes têm espaço para falar de suas principais aflições e preocupações do cotidiano. Geralmente, vários temas surgem, principalmente se os participantes estiverem ambientados com a roda de TC. É pedida a atenção de todos aos temas propostos, pois apenas um destes é abordado por vez durante uma roda após votação e escolha do mais votado.

É responsabilidade do terapeuta deixar claro que, apesar de não escolhidos, os outros temas têm sua importância e que terão a oportunidade de serem abordados em rodas futuras. Após a escolha do tema, o próximo passo é a contextualização.

TERCEIRO PASSO: Contextualização:“É ver além do dedo que aponta a estrela”, frase do fundador da Terapia Comunitária, Adalberto Barreto.

Nada mais é do que solicitar ao “dono” do tema vencedor da votação, que discorra mais sobre o seu problema, no intuito de que todos os presentes entendam quais a principais motivações que geraram sofrimento psíquico para esta pessoa.

QUARTO PASSO: Rituais de agregação, conotação positiva e avaliação: estas duas últimas etapas da roda de TC acontecem seguidamente, sendo o momento no qual o terapeuta agradece à pessoa que propôs o tema e ressalta a importância do tema escolhido. É o momento em que cada participante é estimulado a falar o que aconteceu de positivo ou qual aprendizado obteve com a problematização do tema debatido.

Geralmente essas etapas ocorrem com todos os participantes de pé e abraçados formando um círculo, promovendo, além da aproximação emocional, a aproximação física. O despertar de um sentimento através do toque da pele de que os seus vizinhos ou seus familiares existem de verdade, são pessoas como você e que sofrem igualmente. Isso permite que repensem seus sofrimentos de forma mais ampla e profunda, e se coloquem à disposição na confecção de uma rede de ajuda invisível e resistente.

A finalização da roda sempre acontece da mesma maneira que se inicia: através de músicas sugeridas pelos participantes, recitação de poemas, ditados ou provérbios populares e de falas sobre o que aprenderam e estão levando do momento partilhado durante a roda de TC. É o espaço para fortalecimento de seus valores através da identidade cultural da comunidade. 

RESULTADOS

Em três meses de acontecimentos das rodas de Terapia Comunitária se pôde observar o aumento do número de participantes idosos crescente em cada roda de terapia, muitos deles procuram a equipe ao final de cada roda para perguntar quando haverá de novo e se pode trazer mais pessoas para participar. Houve ainda a maior proximidade da equipe de saúde com a população idosa atendida.

Ficha técnica


Município: 
Princesa Isabel

Instituição Responsável: 
Unidade Básica de Saúde do bairro Cruzeiro


Parceiros: 
Secretaria de Saúde de Princesa Isabel

Coordenação da experiência: 
Olindina Barbosa Gadelha

Email da coordenação: 

Telefone institucional: 
85996787671



Categoria da Experiência: 
Atendimento em grupo com pessoas idosas (grupos terapêuticos, grupos operativos, etc.)

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Coordenação de Saúde da Pessoa Idosa/DAPES/SAS/MS
Telefone: (61) 3315-6226
idoso@saude.gov.br